08/06/2008
Angelo Passos
apassos@redegazeta.com.br
Realidades diferentes na produção industrial
A utilização da capacidade instalada da indústria capixaba atingiu o elevado nível de 84,34% em março, 0,58% a mais do que no mês anterior (dados do IEL/ES). Essa média abrange realidades desiguais. Grandes empresas estão produzindo além do limite; em alguns ramos, as pequenas trabalham com grande margem ociosa.
Mais e menos
Grandes empresas instaladas no Espírito Santo estão operando com 100% da capacidade nominal. Algumas vão além do limite e chegam a 110%, “refletindo melhoria de processo”, explica o superintendente do IEL/ES, Benildo Denadai.
Mas, em determinadas atividades, há grande ociosidade no uso das máquinas. Entre pequenas empresas há as que produzem até 50% menos, segundo pesquisa do IEL
Concentração
A concentração da produção fabril no Estado começou desde as últimas décadas do século passado. Veio com a construção de grandes plantas focadas no mercado externo – que responde por mais de 50% do PIB industrial capixaba.
Hoje, a novidade é o aumento dessa concentração. As companhias gigantes continuam a se expandir. Já as médias e pequenas empresas, em determinados ramos, nem tanto. E, agora, a situação piora no mercado interno, com inflação e juros mais altos.
Dívida rural
Veja o ímpeto de mudança. Recebeu 555 emendas o texto da Medida Provisória nº 432, editada na semana passada, que prevê a reestruturação da dívida dos produtores rurais.
A bancada ruralista do Congresso já começa a peneirar idéias para maximizar a melhoria do conteúdo da MP, e vota-la o quanto antes.
Entre as propostas de maior força, estão as de reduzir juros e aumentar o valor dos débitos passíveis de renegociação.
Planos para o café
Entidades privadas e o governo federal comporão um grupo de trabalho criado para elaborar, em 120 dias, uma agenda estratégica para o agronegócio café.
A portaria 510, publicada quarta-feira no Diário Oficial da União, estabelece que o GT seja formado por representantes do Ministério da Agricultura, CNA, Abic, Cecafe, Associação da Indústria de Café Solúvel (Abics) e Conselho Nacional do Café. Um de cada.
Serão definidos projetos e ações para a cafeicultura nos próximos cinco anos.
Fertilizantes
No Brasil, o volume de fertilizantes comercializado por hectare mais do que dobrou em 14 anos. Pesquisa feita pelo IBGE constatou que o consumo saltou de 69,44 quilos para 141,41 quilos. Segundo técnicos agrícolas, essa é a proporção verificada no Espírito Santo. E, é óbvio, a liderança da demanda capixaba está na cafeicultura, principal atividade do nosso campo.
Fertilizantes II
A expansão do uso de fertilizantes é um indicador positivo, pois é ligado à intensificação do plantio, e ao aumento da produção e da produtividade.
O outro lado da questão é o custo. Em função de demanda aquecida, o preço do fertilizante tem subido mais do que o de muitos produtos. “Então, a relação de troca se altera, pressionando a margem do produtor, lembra Ênio Bergoli, membro do Conselho Deliberativo da Política do Café.
Fertilizantes III
Estudo feito pela Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos) focaliza a nova relação de troca do café.
Em 2006, o produtor pagava uma tonelada de fertilizante com valor equivalente a 2,7 sacas de café; em 2007, passou para 3 sacas; em 2008, até abril, estava em 3,6 sacas (tomando como base o café arábica fino, o gourmet). O que alivia é que o preço do café está bom, agora.
Imposto
O arrecadação de R$ 558,5 milhões de Imposto de Importação no Espírito Santo, de janeiro a abril deste ano (veja ilustração acima) representa 43% de aumento em relação a R$ 390,1 milhões no mesmo período do ano passado.
O dólar barato tem muito a ver com esse resultado. Mas, é lógico que o ritmo forte da atividade doméstica incrementa as compras no exterior.
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“O mercado de bebidas não alcoólicas (água, refrigerante, etc.) é muito ligado à renda da população. Por isso, estamos em bom momento, principalmente no Espírito Santo. A expectativa é de que as vendas cresçam mais de 10% neste ano”
Roberto Kautsky Júnior
Diretor Administrativo e Financeiro do Grupo Coroa – que completa 75 anos em agosto
Número
71,66%
Esse é o percentual de aumento das vendas da indústria de álcool no Espírito Santo, no primeiro trimestre do ano. É o que mostra pesquisa feita pelo Instituto Euvaldo Lodi, vinculado ao Sistema Findes. Também se destacaram em elevação de faturamento os setores de artigos de borracha e plástico (+45,33%), e de vestuário e acessórios (+10,56%).
Angelo Passos
Programa formará profissionais para atender à indústria
O Senai e o Sesi do Espírito Santo investirão R$ 288 milhões nos próximos quatro anos para ampliar a formação de mão-de-obra qualificada. Esse montante representa acréscimo de cerca de 25% em relação ao planejamento anterior.
De 2007 a 2010 o Senai destinará R$ 192 milhões para bancar 130 mil matrículas. Serão construídas mais três escolas no Estado: em Anchieta, Aracruz e São Mateus. No Sesi, a previsão é de R$ 96 milhões para 90 mil matrículas. Os recursos virão do remanejamento de parte da verba de outras atividades, sem comprometer as metas, “além de parcerias”, explica o presidente do Sistema Findes, Lucas Izoton.
Tudo isso faz parte de uma proposta de ação chamada Educação para a Nova Indústria, que está sendo lançada pela Confederação Nacional da Indústria nos 27 Estados. Os objetivos são: a) ampliar a oferta de oportunidades para formação de profissionais que atendam às necessidades do mercado; b) dispor de mão-de-obra qualificada para acompanhar às constantes mudanças tecnológicas – condição indispensável à competitividade das empresas.
Ensino integrado
O programa Educação para a Nova Indústria prevê uma novidade muito positiva. É o ensino integrado das unidades do Sesi e do Senai. O método articulado possibilitará ao jovem estar formado profissionalmente ao concluir o nível médio. Sairá da escola técnico diplomado, com especialização de alta demanda no mercado. E, a julgar pela realidade de hoje, poderá obter remuneração maior do que a usual em certas atividades que exigem curso superior.
Para por em prática a esse planejamento o Sesi e o Senai irão comprar 500 novos computadores. Todas as unidades de ensino das duas instituições serão reformadas no Espírito Santo.
A indústria de café capixaba conquistou na semana uma vitória muito expressiva em nível nacional. Quatro empresas foram certificadas pelo Programa de Qualidade do café, selo conferido pela Abic, Fundaçáo Vanzollini e Totum. Ganham o consumidor e as empresas com a abertura de novos mercados lá fora”
Egídio Malanquini
Presidente do Sindicafé
Horizonte aberto
As promessas do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke dão ânimo às exportações – e não apenas às bolsas de valores. Eles disseram que tudo será feito para proteger a economia real das turbulências do setor financeiro. Outro alento é que o crescimento da economia dos Estados Unidos foi revisado para cima: deve atingir 4% neste segundo semestre conforme estimativa do Departamento de Comércio daquele país. Essa perspectiva é boa para economia capixaba. O mercado norte-americano é o terceiro mais importante para as exportações do Espírito Santo. De janeiro a julho deste ano respondeu por 21,13% do total embarcado no ES. Confira a ilustraçáo acima.
Novo financiamento rural
Boa notícia para o setor rural. A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira a Medida Provisória 372, que já havia obtido sinal verde no Senado. Assim está autorizada a criação de uma linha crédito para que os bancos financiem agricultores em dívida com empresas fornecedoras de insumos agrícolas.
Trata-se de iniciativa importante em dois sentidos. Primeiramente porque estabelece nova fonte no sistema de crédito para as atividades rurais. Além disso, induz fluxo de demanda às distribuidoras de insumos. O campo sai ganhando.
Prazo maior para imóvel
A inquietação gerada pela turbulência internacional elevou os juros futuros na BM F. Fala-se em tendência de encurtamento de prazo nos contratos. Mas a Caixa Econômica Federal professa a crença na solidez macroeconômica do país, por isso ampliou, em dez anos, o crédito imobiliário pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Em vez de 240 meses (20 anos), o mutuário terá 360 meses (30 anos) para quitar o imóvel. Uma bela aposta. No Espírito Santo o desempenho da CEF no crédito habitacional deve atingir R$ 350 milhões em 2007. Mas é provável que esse resultado seja obtido já em novembro, estima o superintendente no Estado Antônio Carlos Ferreira.
O NÚMERO
7,5%
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a redução dos juros do Funcafé: caíram de 9,5% para 7,5%. O novo encargo é válido para contratos firmados a partir de 1º de julho deste ano. O limite individual de financiamento passou de R$ 1,440 mil para R$ 2 mil, por hectare. O orçamento do Funcafé para 2008 é de R$ 2,561 bilhões.