EBT terá novo terminal em Santos

7 de novembro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Valor Econômico

07/11/14


A Empresa Brasileira de Terminais e Armazéns Gerais (EBT), que controla os terminais de líquidos Ageo e Ageo Norte, ambos no porto de Santos, irá construir um terminal retroportuário nas proximidades do porto santista em área própria. O empreendimento, denominado Terminal Santorini, prestará serviço de movimentação de granéis sólidos e líquidos e de carga geral não conteinerizada.


Ficará a três quilômetros do cais público, ao qual se ligará por meio de esteiras aéreas enclausuradas (uma inovação ambiental) e dutos. Também inovará no porto com o sistema de pera ferroviária contínua, que poderá receber até três composições simultaneamente com 1.500 metros cada. A pera será projetada de forma a evitar que a composição tenha de ser desmembrada, ganhando tempo de operação.


O terminal Santorini deverá aumentar em 20% a capacidade de movimentação do porto, que fechou 2013 com 114 milhões de toneladas escoadas. O empreendimento será construído modularmente, conforme a demanda do mercado. O investimento inicial será de R$ 480 milhões, mas a equação financeira – quanto será de caixa próprio e quanto financiado – ainda não está fechada. A estimativa é que entre em operação em meados de 2017, caso não haja atrasos no rito burocrático. Nesta semana ocorreu a audiência pública para debater o EIA/Rima do projeto, que será licenciado pela Cetesb.


A empresa recebeu da autoridade portuária (Codesp) a faixa de servidão para construir a estrutura de transporte das cargas entre o terminal e o cais. No espaço de 3 quilômetros, serão instalados dutos e a esteira que correrão paralelamente e desembocarão no cais público da Ilha Barnabé. Ali já operam os dois terminais portuários de líquidos arrendados pela EBT: Ageo e Ageo Norte. “São sistemas e cargas diferentes, que não concorrerão entre si”, diz o diretor comercial da Santorini, Aquiles Dias, também diretor na Ageo. Os terminais Ageo e Ageo Norte são especializados na movimentação de produtos químicos e petroquímicos, enquanto o Terminal Santorini será dedicado a outras cargas líquidas, além de milho e complexo soja (entre granéis sólidos) e cargas não conteinerizadas como celulose.


O projeto começou a ser concebido entre 2008 e 2009, diante de um cenário de infraestrutura portuária inadequada ao crescimento do país. Em 2008 a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que a infraestrutura portuária brasileira era a etapa mais deficiente da cadeia produtiva. Em 2010 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) destacava a necessidade de R$ 42,9 bilhões de investimentos para evitar o colapso nas operações portuárias – bastante longe do que de fato foi investido pelo poder público e iniciativa privada no setor.


Nesse período, o porto de Santos, responsável por quase 33% do valor das cargas marítimas brasileiras ou o equivalente a 6% do PIB, enfrentava limitação de capacidade, o que resultou em demanda reprimida e fuga para outros complexos de cargas cuja vocação natural seria o escoamento pelo porto paulista. A oportunidade estava colocada. “O nosso projeto vem como forma de auxiliar no enfrentamento desses desafios”, diz Aquiles.


A área total do projeto será de 834 mil metros quadrados, mas o terminal propriamente ocupará cerca de 250 mil metros quadrados, pois 70% do local será preservado. O empreendimento será instalado na área continental de Santos, na margem esquerda do estuário, região fora do porto público, portanto isenta da necessidade de prévia licitação. Ainda pouco explorada para atividades portuárias e logísticas, a região começa a se firmar como área de expansão natural dessas atividades diante da saturação de espaços no porto organizado, sob gestão da Codesp.


O Terminal Santorini será dedicado fundamentalmente à exportação mas também receberá cargas destinadas ao mercado doméstico. O acesso dos produtos ao porto será feito 70% por ferrovia e 30% por rodovia. E o transporte até o cais, majoritariamente por esteiras e dutos, reduzindo em ambos os casos a emissão de poluentes devido ao menor uso de caminhões.


O terminal ficará às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, a antiga Piaçaguera-Guarujá, e terá um acesso férreo ligando a ferrovia sob administração da MRS até o empreendimento. O trecho, de cerca de 800 metros, será construído pela MRS, que está tocando o licenciamento ambiental.


Paralelamente, a EBT espera a aprovação, pelo governo, da antecipação da renovação dos contratos da Ageo e Ageo Norte (antiga Copape). A companhia se compromete a investir no total quase R$ 216 milhões em troca de adiantar a renovação dos arrendamentos por mais 20 anos. Em maio, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) aprovou ambos os pedidos, agora o assunto está na Secretaria de Portos (SEP), responsável por assinar o aditivo contratual.

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