Santos, sexta-feira, 9 de dezembro de 2016 – Sem nenhuma alteração nos fundamentos do mercado de café, que apontam para mais um ano de consumo em alta e produção mundial abaixo do consumo global, os operadores em Nova Iorque continuaram derrubando as cotações do café nesta semana, quando os contratos de café com vencimento em março próximo na ICE Futures US em Nova Iorque acumularam baixa de 645 pontos e fecharam a US$ 1, 3935 por libra peso, rompendo a barreira dos US$ 1,40.
Foi a quinta semana seguida de baixa nos contratos de café em Nova Iorque. Esse “rally”, que já acumula perdas de 3 860 pontos, começou com as eleições americanas e a surpreendente vitória de Donald Trump, que contrariou o esperado por todos os institutos de pesquisa e analistas políticos.
A inesperada vitória de Trump trouxe enormes incertezas políticas e econômicas para os EUA e para o mundo, levando os mercados a se reposicionarem. Na ICE em Nova Iorque, os operadores que estavam na posição vendida para dezembro conseguiram finalmente rolar seus contratos para março, o que até então encontravam imensas dificuldades.
Nesse novo cenário, aliviados e com suas posições roladas, esses operadores, ajudados também pela séria crise política e econômica brasileira, ignoraram os fundamentos do mercado e continuaram derrubando as cotações do café. A passividade das lideranças da produção contribui bastante para o sucesso dos interessados em baixa nas cotações do café.
É inacreditável, mas apesar das cinco semanas consecutivas de baixa, o jornal Valor Econômico, em sua edição de hoje, informa que o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura pretende reunir representantes da indústria de café e dos cafeicultores entre terça e quarta-feira da semana que vem para buscar um consenso em torno da proposta de importação de café robusta feita pela indústria em novembro. Para onde será que querem levar as cotações? O que será que farão com as cotações quando nossa produção voltar para um patamar confortável?
Reafirmamos aqui o que dissemos em nosso último boletim: Além do perigo de trazermos novas pragas para nossos cafezais, é preciso pensar na concorrência desleal desses cafés que seriam importados. Nossos produtores atendem a rígidas leis trabalhistas, fiscais e ambientais, que são imensamente mais brandas (quando existem) na maioria dos países concorrentes do Brasil na produção de café.
O Cecafé – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de novembro foram embarcadas 3 071 554 sacas de 60 kg de café aproximadamente 12% (425 851 sacas) menos que no mesmo mês de 2015 e 8% (270 406 sacas) menos que no último mês de outubro. Foram 2 747 541 sacas de café arábica e 28 390 sacas de café conillon, totalizando 2 775 931 sacas de café verde, que somadas a 292 721 sacas de solúvel e 2 902 sacas de torrado, totalizaram 3 071 554 sacas de café embarcadas.
Até dia 8, os embarques de dezembro estavam em 306.764 sacas de café arábica, mais 22.016 sacas de café solúvel, totalizando 328.780 sacas embarcadas, contra 178.414 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 8, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 878.145 sacas, contra 591.104 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 9, caiu nos contratos para entrega em março próximo 645 pontos ou US$ 8,53 (R$ 28,72) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 2 a R$ 668,47 por saca, e hoje dia 9, a R$ 620,65 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 205 pontos.