Por Nádia Sousa
http://nadiasousa.wordpress.com/
O ano de 2010 foi de fato incomum para as commodities alimentares em geral. E
não é de se admirar que o café tenha feito história.
Muita volatilidade! Os movimentos tiraram o fôlego dos traders de plantão, a
commodity mais charmosa da bolsa deu o seu show. Altas, altas e altas. Nem a
safra recorde foi capaz de impedir que os preços se aproximassem dos US$300,00
na BM&F. No físico não foi diferente e vimos a saca de 60kg custar mais de
R$400,00, algo inimaginável há alguns meses. Ou seria de se esperar, com todos
os problemas climáticos que o mundo vem enfrentando, sem falar na crescente
demanda, que nem a crise foi capaz de frear.
Sim, o consumo cresce a toque de caixa. Fenômeno esperado se analisarmos o
aumento de renda nos países emergentes. Ganham mais, consomem mais. E consomem
melhor. Mesmo na Europa, com todos os problemas financeiros, ninguém exclui o
cafezinho da sua cesta de consumo. A exigência por qualidade superior vem
aumentando e isso impulsiona ainda mais os preços. O grande destaque do ano foi
a escassez de grãos de alta qualidade e é justamente eles que o mundo quer. Não
é a toa que batemos todos os recordes de exportações este ano, com destaque para
a receita.
Outro grande destaque de 2010 foi a inclusão do café brasileiro no contrato
negociado na bolsa de Nova York. Conquista histórica, mas a maior conquista foi
o reconhecimento da qualidade dos nossos grãos. Ainda temos muito que evoluir
nesta questão, mas avanços vêm ocorrendo, como a atenção à produção do cereja
descascado. A entrega só deve acontecer a partir de 2013, o que é positivo, pois
o produtor terá tempo para se ajustar, caso queira produzir o tipo aceito na
bolsa americana.
Este ano também vimos a mudança de governo, mas o ministro da agricultura,
pecuária e abastecimento deve permanecer o mesmo. O que esperamos é uma mudança
drástica na política da cafeicultura nos próximos anos.
Pode-se dizer que o balanço de 2010 foi positivo para o café. Avanços
importantes foram alcançados, mas ainda existem muitos problemas a serem
tratados com mais seriedade do que a que vimos neste ano. Fica a esperança de um
2011 mais produtivo e evolutivo para o setor.
Brindemos com xícaras fumegantes um ano novo de muito êxito na cafeicultura
no Brasil!