Dupla café com leite mais cara

Depois do feijão, consumidor sofre com altas de 9,32% no café e 18,52% no leite

29 de junho de 2016 | Sem comentários Cotações Mercado
Por: Yasmin Freitas JC online

Parece que basta ser daqueles alimentos amados pelos brasileiros para ter os preços atingidos pelo raio encarecedor. Depois do feijão, é a vez de o café com leite ficar mais pesado para o bolso. De um lado, o café é castigado por fatores climáticos. Em Minas Gerais, São Paulo, no Espírito Santo e na Bahia, responsáveis pela maior parte da produção nacional, o grão sofreu com excesso de chuvas ou seca intensa, apresentando baixa na produção e menor qualidade. Do outro, o leite salta de valor a cada dia porque insumos como soja e milho, utilizados na alimentação do gado, têm pesado mais para produtores.


De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) relativo à primeira quinzena do mês de junho, o café ficou 9,32% mais caro, enquanto o leite acumulou 18,52% de aumento desde o início de 2016. Para tentar amenizar a situação do feijão, o presidente interino Michel Temer anunciou a liberação da importação do grão.


“Esperávamos uma ótima safra de café vinda de Minas Gerais e São Paulo, mas, nos últimos 20 dias, fortes chuvas atingiram esses Estados, interrompendo o trabalho de colheita”, aponta o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Nathan Herszkowicz. Ainda de acordo com o diretor, fenômenos como granizo e a própria força da chuva derrubaram vários grãos no chão, inutilizando 30% da produção.


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A região citada é responsável pela geração do café tipo arábico, correspondente a 75% do abastecimento do mercado brasileiro. O segundo tipo, chamado de conilon, representa os outros 25% do grão consumido. Esta categoria foi marcada por secas prolongadas principalmente no Espírito Santo. “Apesar das fortes secas, não há água liberada para irrigação do café, apenas para consumo da população”, explica Herszkowicz. Atualmente, a indústria compra uma saca de café (60kg) por cerca de R$ 430. No mesmo período do ano passado, o custo era de R$ 260. Daí a inevitabilidade do repasse ao consumidor.


Quem sentiu o aumento chegar às prateleiras do supermercado foi a bióloga Vânia Cavalcanti. “Os preços tiveram um reajuste muito grande e permanecem subindo. Procuro pesquisar preço quando tenho tempo, mas sei que, em todos os supermercados, a queixa é a mesma”, revela.


No caso do leite, a escalada de preços se deu principalmente pela seca, que diminuiu a quantidade de pasto e obrigou os criadores de gado a comprarem alimentos em grande quantidade. “Milho, soja, adubo, tudo isso é cotado a preços internacionais e, do ano passado para cá, estes produtos cresceram de preço em pelo menos 50% ou até dobraram de preço”, lamenta o produtor da Fazenda Baronesa, Edson Felix. Em 2015, uma saca de farelo de soja custava R$ 65. Agora, o valor pode chegar a mais de R$ 90. Já o milho, no ano passado precificado a R$ 23 por saca, hoje sai por R$ 45. Cerca de dois anos atrás, antes das fortes secas, Pernambuco chegava a fornecer 2,5 milhões de litros de leite por dia. Agora, o volume não ultrapassa os 1,8 milhão.


Na opinião da economista da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) Tânia Bacelar, os alimentos devem seguir pressionando a renda do consumidor, principalmente nestes casos em que a sazonalidade importa. “Pepino, tomate, feijão, sempre há um vedete da vez que vai interferir no consumo”, diz.

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