fonte: Cepea

Drawback I – E-mail do presidente do cafés (CEC) das Matas de Minas, Luciano Piovesan esquenta o debate

22 de fevereiro de 2007 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: 19/02/2007 09:02:08 - Hoje em Dia



Nairo Alméri


ColunaNA@hojeemdia.com.br
café do Vietnã (2)



(conclusão) A análise do presidente do Centro de Excelência dos cafés (CEC) das Matas de Minas, Luciano Piovesan Leme, provocou, no presidente da Associação Brasileira da Indústria do café (ABIC), Nathan Herszkowicz, reação que estampa um divisor de interesses entre produtores de café e torrefadores.

A coluna complementa, ipsis litteris, a análise que Piovesan Leme distribuiu na cadeia da cafeicultura. E, também, a reação do presidente da ABIC, em resposta a um dirigente, identificado apenas por ‘Caro Aguinaldo‘. Este enviou ao dirigente mensagem com o título ‘O debate tá ficando maior‘, em referência ao artigo de Piovesan Leme, crítico à tentativa de operação drawback com o café do Vietnã.

Mas os empresários da indústria do café não ficam apenas na discussão. Estão agindo. O vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de café Solúvel (Abics), Ruy Barreto Filho, por exemplo, já esteve em Brasília com o embaixador do Vietnã, Naguyen Diuh. Na audiência, tratou da criação da Câmara de Comércio Brasil-Vietnã, em março, no Rio.

O presidente da ABIC cobrou dos produtores reação às invasões de torrefadores estrangeiros no mercado brasileiro. Segue o complemento do artigo do presidente da CEC, de Viçosa:


‘… déficit de 11 milhões de sacas…‘



‘Cabe aqui uma pergunta: Não caberia, antes de discutir a introdução do sistema de drawback, debater amplamente o papel do Estado, das entidades representativas e da indústria no fortalecimento da cafeicultura nacional, em especial da cafeicultura familiar?

Onde está o apoio ao associativismo e ao cooperativismo, como forma de permitir uma organização do cafeicultor frente a todo mercado globalizado, às exigências fitossanitárias, às barreiras tarifárias, às exigências de certificação e outros?

Recentemente, a Organização Internacional do café – OIC – publicou que os estoques dos países importadores são menores que 17 milhões de sacas e que haverá um déficit de 11 milhões de sacas nesta safra. Estima-se uma safra mundial variando entre 109 a 122 milhões de sacas para um consumo mundial de 120 a 130 milhões de sacas.

Entre outras palavras, ‘é hora da onça beber água‘, é o momento do produtor, em especial do cafeicultor brasileiro. Então, porque a indústria vem, neste instante, atuando de forma organizada, eficiente e insistente para a adoção do sistema drawback no Brasil.

E o consumidor, onde fica nesta história? Certamente estará comprando gato por lebre, ou não? Cerca de três milhões de sacas de café no Brasil são substituídos por palha, milho e outras impurezas, torrados como café e que dão a tintura ao blend do café ’milhorado’ (café com milho) e vendidos ao consumidor impunemente. Onde está a Vigilância Sanitária ou o Código do Consumidor, afinal, trata-se de uma questão de saúde pública? Onde está a fiscalização (que sabemos é figurativa) da ABIC quanto ao selo de pureza e de qualidade, afinal as indústrias aderem aos programas da ABIC voluntariamente? Quantas torrefadoras de café existem no Brasil e que percentual delas possui selo de pureza e de qualidade ABIC?‘
Blend com vietnamita afetará a imagem

‘Qual a qualidade de café que queremos vender, em especial nos principais mercados importadores? Será que o aumento de café robusta no blend nacional, a ser comprado do Vietnã, irá contribuir para a qualidade do café a ser exportado? Esta é a imagem que queremos ‘vender‘ de qualidade dos cafés do Brasil?

Certamente, o Vietnã, América Central e Colômbia estão de olho neste ‘novo mercado‘ de cafés no Brasil. A ‘Federación dos Cafeteros de Colômbia‘ anunciou que estima vender cerca de 600 mil sacas para o Brasil (….)‘.


‘De fato, o debate parece que está esquentando‘


O título acima é do e-mail do presidente da ABIC em reação ao artigo do presidente do CEC de Viçosa. O teor é o seguinte:

‘Mas é preocupante ler um texto como este, assinado pelo presidente de um Centro de Excelência e Secretário de Agricultura, eivado de confusões conceituais e julgamentos inadequados.

Este é o retrato da parte ‘emocional‘ do debate. Só que, em algum momento, precisamos alertar estas pessoas que o mundo cafeeiro e nossos concorrentes já substituíram esta ‘inteligência‘ emocional por um raciocínio comercial e mercadológico, transformando as demandas mundiais em oportunidades comerciais.

Quando a indústria de solúvel brasileira estiver numa situação de declínio, por eventual falta de competitividade, então poderemos perguntar: onde está o produtor brasileiro, que nada fez para preservar o mercado mundial para o solúvel brasileiro ?

Idem para o caso das oportunidades do torrado moído no exterior, que agora se manifestam. E que dizer da entrada de cafés estrangeiros aqui, no Brasil, via Starbucks, Nespresso, etc.? Pode-se perguntar também: onde está o cafeicultor brasileiro que nada fez para impedir esta invasão?

Quanto às menções sobre os programas de qualidade da ABIC e mercado interno, é preciso fazer chegar a este importante presidente de um CEC, caso ele não tenha tomado conhecimento, que o mercado interno brasileiro cresceu 2,63 milhões de sacas por ano, desde 2003, em função desses programas de qualidade, associados a um trabalho permanente de promoção e marketing, comunicação positiva, etc, que a ABIC capitaneou e, hoje, (o trabalho vem) sendo copiado por outros países produtores para aumentar o seu consumo interno. É uma pena que, infelizmente, haja tantos equívocos‘.


 

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