Dolina se abriu em área de cultivo de soja dentro de fazenda em Coromandel, no Alto Paranaíba, e assustou moradores

Dolina se abriu em área de cultivo de soja dentro de fazenda em Coromandel, no Alto Paranaíba, e assustou moradores

Moradores de uma fazenda em Coromandel, no Alto Paranaíba, foram surpreendidos por um fenômeno geológico na semana passada. Um buraco gigante, que teria cerca de 20 metros de diâmetro, apareceu em uma plantação de soja na propriedade. Especialistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estiveram no local e disseram que se trata de uma dolina.


A Fazenda Santa Cruz fica a 30 quilômetros da cidade. Segundo o proprietário, Diogo Tudela, o buraco se abriu entre os dias 5 e 6 de novembro, e foi descoberto por um morador. “Você nem imagina o tamanho do susto”, disse. O terreno recebeu o plantio de soja há pouco tempo. O fenômeno nunca havia ocorrido na propriedade. “Foi por isso que a gente procurou especialistas, para sanar a nossa curiosidade e dúvida. Depois vimos que já existem registros na região desse evento”, explicou.


O fazendeiro contratou um fotógrafo com um drone para registrar as imagens e facilitar o cálculo do tamanho da cratera. Eles acreditam que o diâmetro é de 15 ou 20 metros. Não foi possível calcular a profundidade. “Nós isolamos. A orientação que nos deram é aguardar o período chuvoso para ver se vai continuar acontecendo (abertura) ou se vai estabilizar. (Disseram) que agora não é hora de tomar nenhuma atitude a não ser isolar a área e, no período seco do ano que vem, fazer uma avaliação. Ver se está aumentando, se está estabilizada, e depois ver o que vai ser feito”, informou. Os especialistas orientaram o fazendeiro a cercar o local mantendo uma distância de segurança da margem. Assim, os lavradores poderão continuar trabalhando.


Ainda de acordo com Diogo Tudela, há mineradoras na região, mas ele acredita que a atividade não tenha relação com o fenômeno. “Tem umas jazidas de calcário na redondeza e extração de zinco, mas já estamos na fazenda há 14 anos, nunca tinha ocorrido nada. As edificações na fazenda não têm rachaduras nas paredes, nada que leve a estabelecer um tremor de terra ou movimentação de solo. Acho que não tem nada a ver com a mineração perto dali”, comenta.


O especialista acionado pelo proprietário rural é Gilberto Fernandes Correa, professor de ciências do solo (pedologia) do Instituto de Ciências Agrárias da UFU, que esteve no local acompanhado de um colega do curso de geografia da instituição. Segundo Correa, esse tipo de cratera é chamado de dolina, e tem relação com a dissolução do calcário em profundidade. A passagem da água no subsolo, durante milhares de anos, abre um “vazio” dentro da rocha. “É uma gruta com extensão grande, mas sem abertura. Como o teto dela vai gastando, chega uma hora que não suporta o peso de tudo aquilo que está em cima e, nessas áreas onde está mais fragilizada, acaba rompendo”, explica o professor. “Todas as dolinas são formadas assim: o teto de uma gruta subterrânea que desaba e o que está em cima dela desce”, completa.


De acordo com Correa, moradores da fazenda negaram algum movimento ou tremor de terra na região. “A coisa aconteceu silenciosamente. Não teve acomodação perceptível da estrutura geológica”, afirma. Gilberto Correa diz que a dolina da Fazenda Santa Cruz está em evolução,  estima que ela deve ter cerca de 15 metros de profundidade, mas que a parte que cedeu ainda não atingiu a galeria.


O especialista em solo também chama atenção para um outro episódio ocorrido na fazenda: o córrego que passa pela propriedade secou. O problema foi mencionado pelo fazendeiro Diogo Tudela. Segundo ele, as águas desapareceram em agosto e eles chegaram a pensar que o fenômeno tivesse relação com a seca. Mas, segundo pessoas que moram na área a 70 anos, isso nunca havia ocorrido.  “Essas áreas com substrato de calcário têm drenagem profunda. Então, houve alguma coisa que motivou o aparecimento dessa dolina e que está relacionado com o desaparecimento da drenagem superficial. O ribeirão que drena a microbacia penetrou e secou, coisa que não acontece na nossa região. O fato dele secar é um evento que está seguramente relacionado a essas galerias subterrâneas que tem no calcário que ocorre em profundidade lá naquele área”, disse Gilberto Correa.


Vizinha de Coromandel, a cidade de Vazante também possui vários registros de dolinas, que atingiram um rio e também levaram à interdição de imóveis há alguns anos.


Leia a íntegra no Estado de Minas

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