Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar registrou nesta sexta-feira a maior queda diária ante o real em mais de quatro meses, refletindo ajustes de posições em meio à baixa global da divisa.
A moeda norte-americana caiu 0,95 por cento, a 1,670 real na venda. Trata-se do maior recuo percentual diário desde 4 de novembro, quando a taxa cedeu 1,41 por cento.
“É basicamente um ajuste ao movimento de ontem, quando o dólar subiu forte no ‘vazio'”, comentou Danilo Campos, operador de câmbio da Flow Corretora.
Na véspera, a divisa dos Estados Unidos avançou 0,72 por cento, alcançando o maior patamar desde janeiro, por desmonte de exposição vendida no mercado futuro após parte do mercado interpretar uma notícia sobre aumento de tributos para bebidas frias como elevação de alíquota para entrada de capitais no país.
Dados da BM&FBovespa corroboram tal movimento. De quarta para quinta-feira, os não-residentes reduziram em 1,947 bilhão de dólares as apostas na queda do dólar (ou valorização do real).
“O real foi a moeda que mais caiu na quinta-feira. A reduzida volatilidade nos últimos meses levou investidores a montarem posições compradas em real”, escreveram os analistas do departamento de câmbio para mercados emergentes do banco francês BNP Paribas. “Por ora, estamos neutros com relação ao real.”
Para Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, a recuperação dos mercados acionários internacionais nesta sessão –associada à queda do dólar no exterior– também favoreceu a fraqueza da moeda norte-americana ante o real.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York subia 0,7 por cento no final da tarde, enquanto o indicador de volatilidade da CBOE recuava mais de 7 por cento. Investidores reagiam ao esforço do G7 para acalmar os mercados financeiros e ao cessa-fogo declarado pela Líbia na ofensiva de Muammar Gaddafi para reprimir a revolta no país.
Enquanto isso, o dólar recuava 0,5 por cento frente a uma cesta de divisas, influenciado principalmente pela valorização do euro, que se mantinham acima de 1,40 dólar, máxima em quatro meses.
Na próxima semana, investidores ficarão atentos à tradicional divulgação do fluxo cambial doméstico –na quarta-feira– e a indicadores de atividade nos Estados Unidos, como o índice do Federal Reserve de Chicago e as vendas de moradias novas, ambos de fevereiro.