22/07/2010 – SÃO PAULO – Com ajuda da forte melhora de humor externo e a perspectiva de entrada de recursos na semana que vem, os vendedores apareceram com força e levaram o dólar a testar, novamente, a barreira técnica e psicológica de R$ 1,75.
Ao final da jornada, o dólar comercial apontava queda de 1,28%, a R$ 1,761 na venda. Desde o dia 10 de junho o dólar não caía tanto em um único dia. Na mínima a divisa saiu a R$ 1,758. O giro no mercado interbancário foi elevado, somando US$ 3,3 bilhões.
Na roda de \”pronto\”, da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F) o dólar encerrou com baixa 1,30%, valendo, também, a R$ 1,761. O volume subiu 72%, para US$ 411,25 milhões.
Já no mercado futuro, o dólar com vencimento agosto, registrava desvalorização de 1,06%, a R$ 1,7655, antes do ajuste final de posições.
Parte do tom positivo do dia, que mostra forte alta no mercado de ações e no preço das commodities, é creditado aos bons resultados trimestrais de empresas americanas e dados positivos sobre a economia europeia.
Mas uma abordagem interessante é pensar que os agentes querem, mesmo, é se livrar do dólar, por isso buscam rendimento em outras classes de ativo.
De acordo com a equipe da Safra Corretora, conforme o Federal Reserve (Fed), banco central americano, acena que poderá lançar mão de novos estímulos econômicos, ele também mostra que irá ampliar gastos, piorando a situação fiscal do país. E essa possível piora fiscal, por sua vez, causa uma desvalorização do dólar.
Ainda de acordo com os especialistas da corretora, esta postura do Fed sugere alta para os ativos de risco (ações, commodities e moedas emergentes) mesmo que o fundamento econômico americano esteja pior.
Por outro lado, essa valorização de ativos de risco também pode acabar ajudando o BC americano a combater a deflação.
Voltando o foco ao mercado local, o diretor da Pioneer Corretora, João Medeiros, aponta que os agentes operam na expectativa das entradas de recursos programadas para a semana que vem. Entram no país, aproximadamente, US$ 800 milhões, resultado de captações externas feitas por empresas, como a JBS, e bancos, como o Votorantim.
No entanto, Medeiros chama atenção para um fenômeno já observado algumas vezes nas últimas semanas. Basta o dólar se aproximar de R$ 1,75 que aparecem compradores de todos os lados. \”O pessoal fica com o dedo no gatilho\”, diz Medeiros.
No câmbio externo, o euro subiu firme ante o dólar e chegou a ser negociado acima de US$ 1,29 na máxima do dia. No caso do euro, além da menor procura por dólar, a moeda se beneficiou de melhores indicadores econômicos apresentados na região.
Já entre as commodities, o barril de WTI foi destaque ao ganhar mais de 3,5%, e superar os US$ 79,00. E entres as bolsas, Dow Jones, S & P 500 e Nasdaq ganhavam mais de 2% cada.
(Eduardo Campos | Valor)