30/12/2013
O dólar registrou alta ante o real nesta segunda-feira (30) e fechou o ano com valorização de mais de 15%, a maior desde 2008, segundo levantamento da consultoria Pezco Microanalysis.
Nesta segunda, a moeda norte-americana subiu 0,77%, para R$ 2,3575 na venda, após bater R$ 2,3268 na mínima do dia.
No ano, o dólar subiu 15,3% em relação ao real, a maior alta desde 2008, quando subiu 31,9%, de acordo com a Pezco.
O sócio da consultoria, Frederico Turolla, acredita que o dólar deve continuar se valorizando fortemente em relação ao real em 2014 e com possibilidade de alguns repiques.
“2013 já foi um ano de correção do nível de câmbio brasileiro e a gente acredita que vem mais no ano que vem. É interessante que, friamente, todos os anos, desde 2011, são de desvalorização do real acima da inflação”, diz Turolla.
“Final do ano é momento de otimismo, mas esse ano é um pouco diferente. Os risco macroeconômicos estão aparecendo muito fortes. Nesse sentido o ano fechou carregado”, avalia o consultor. Ele aponta como principal o risco fiscal, de gastos altos do governo, que pode levar a uma mudança na nota de risco do país.
Governo não contém alta
A valorização do dólar acontece a despeito da constante atuação do Banco Central no câmbio. Nesta segunda, a autoridade monetária deu continuidade ao programa de intervenções diárias com oferta de 10 mil contratos de swap cambial tradicional –o equivalente a uma venda futura de dólares. O BC vendeu o lote total, colocando 3,6 mil swaps com vencimento em 5 de março de 2014 e 6,4 mil com vencimento em 1º de julho de 2014. A operação teve volume financeiro equivalente a 497 milhões.
A alta também ocorre mesmo após a formação da Ptax do ano – taxa calculada diariamente pelo BC, que serve de referência para diversos contratos –, e também em meio a fluxos de saída de dólar num cenário de baixa liquidez devido às festas de fim de ano. A Ptax fechou a R$ 2,3426 na venda, informou o BC, acima da cotação do dia.
Operadores costumeiramente brigam para influenciar a taxa de forma a favorecer suas posições. Segundo analistas, a expectativa era de que a disputa pela formação da Ptax puxasse a cotação para baixo. No entanto, fluxos de saída de divisas levaram o dólar a subir, surpreendendo investidores e exacerbando os ganhos da moeda norte-americana.
“Com todo mundo posicionado para baixo, essas operações de saída acabam tendo um efeito maior sobre as cotações”, afirmou à Reuters outro operador, de um banco internacional.
Segundo ele, as oscilações do dólar ante o real destoaram do cenário externo, motivando um ajuste técnico que levou a divisa dos EUA a continuar subindo mesmo após a divulgação da taxa.
Queda pela manhã, com o ‘efeito IOF’
Mais cedo, a moeda norte-americana chegou a operar em queda, reagindo à redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre algumas formas de pagamento em moeda estrangeira, anunciada na última sexta-feira (27), após o fechamento dos mercados.
Segundo analistas, a medida tende a diminuir um pouco o fluxo de saída de dólar do país, uma vez que encarece viagens ao exterior. Contudo, a expectativa já era de que a influência sobre as cotações do dólar seria comedida.
“Não vejo um impacto muito relevante dessa medida, nada muito duradouro”, disse à Reuters o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Fonte: G1 Economia