01/02/2010 – 17h20
SÃO PAULO – Depois de o fôlego dos compradores ter valorizado o dólar nas últimas nove sessões, a moeda americana iniciou a semana em forte queda, na cola do desempenho registrado pelo euro.
Com mínima de R$ 1,860 e máxima de R$ 1,895, o dólar comercial fechou com baixa de 1,27% nesta segunda-feira, cotado a R$ 1,859 na compra e a R$ 1,861 na venda. Esta foi a maior queda deste ano, já que desde o dia 23 de dezembro, quando a moeda americana havia se depreciado em 1,40%, o dólar não recuava tanto.
Na roda de ” pronto ” da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM & F), o dólar caiu 0,84%, para R$ 1,8615. O volume atingiu US$ 68,75 milhões. Já os negócios no interbancário caíram de US$ 3,6 bilhões, na sexta-feira, para US$ 2,0 bilhões, hoje.
Nem o leilão de compra de dólar no mercado à vista realizado à tarde pelo Banco Central (BC) conseguiu conter o ímpeto dos vendedores no início desta semana. A taxa de corte da operação de hoje correspondeu a R$ 1,8652.
” O movimento do real esteve correlacionado com o do euro e com a melhora dos mercados externos. Este é um sinal de que talvez estejamos revertendo a posição de queda dos últimos dias em termos de Bolsa, e foi um refresco para o real ” , comentou o operador da corretora BGC Liquidez, Marcelo Oliveira.
Para o operador, os comentários mais recentes feitos por membros do governo em relação ao câmbio não surpreenderam nem tiveram impacto na trajetória da moeda americana nos negócios de hoje.
Durante o Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, deixaram claro que o governo está decidido a deixar a taxa de câmbio se desvalorizar para ajustá-la ao aumento do déficit das contas externas, e que considera ter reservas em moeda internacional suficientes para atuar ou evitar movimentações bruscas no mercado.
Apesar de a queda desta segunda-feira ter dado um alento para o real, a BGC Liquidez espera que, ao fim deste ano, a cotação da moeda americana esteja mais elevada que em 2009, ao se situar entre R$ 1,85 e R$ 1,95.
De acordo com o último Boletim Focus do BC, as instituições de mercado elevaram ligeiramente a previsão para a cotação do dólar em dezembro, de R$ 1,75 para R$ 1,76, enquanto a projeção para 2011 subiu de R$ 1,83 para R$ 1,85.
A expectativa para o déficit em conta corrente a ser registrado em 2010 também aumentou de US$ 47,5 bilhões para US$ 49,3 bilhões, assim como a previsão para 2011 cresceu de US$ 59,47 bilhões para US$ 59,74 bilhões.
A projeção para o saldo da balança comercial brasileiro de 2010, por sua vez, foi mantido em superávit de US$ 10 bilhões. Já a estimativa para 2011 aumentou de US$ 2,80 bilhões para US$ 4,50 bilhões. Por fim, o mercado manteve a previsão para o Investimento Estrangeiro Direto (IED) em US$ 38 bilhões, para 2010, e em US$ 40 bilhões, para 2011.
(Beatriz Cutait | Valor)