São Paulo, 23 – A fraqueza do dólar frente outras moedas impulsionou os contratos futuros de café na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). O dólar enfraquecido é resultado, entre outros fatores, da expectativa de que o elevado montante para salvar o sistema financeiro norte-americano, estimado em US$ 700 bilhões, possa representar um golpe considerável à economia dos EUA.
O broker Theo Amaral, da SLW Corretora, o dólar enfraquecido puxou os preços das commodities, em geral. Segundo ele, o investidor recorreu às commodities como forma de proteção. Isso porque existe a expectativa de que o pacote de socorro aos bancos norte-americanos possa significar déficit orçamentário nos EUA, produzindo inflação.
O contrato de café com vencimento em dezembro na ICE Futures subiu ontem 2,63% (mais 350 pontos), a 136,60 cents. O mercado operou no terreno positivo ao longo de toda a sessão. A máxima foi de 137,10 cents (mais 400 pontos). A mínima ficou 85 pontos acima do fechamento anterior, a 133,95 cents. “O café acompanhou outras commodities e o cenário é construtivo, com o fechamento próximo da máxima e permanecendo a situação de dólar desvalorizado”, diz Amaral.
Os fundos reduziram bem o saldo líquido comprado para 5.679 lotes no dia 16, em comparação com 15.010 lotes no dia 9. O resultado é conseqüência da fuga dos investidores dos ativos de risco, diante do risco de crise no sistema financeiro global, depois que o banco Lehman Brothers pediu concordata. “Os ativos estão muito voláteis e os fundos podem voltar a elevar o saldo comprado”, informa.
Os preços do café, em reais, devem ser monitorados, observa Amaral. Segundo ele, apesar da forte queda dos contratos futuros na ICE, na conversão para reais as cotações não tiveram declínio proporcional, porque o câmbio permitiu, com o dólar chegando a R$ 1,95 na semana passada.
Além disso, apesar da aproximação do fim da colheita, a oferta no mercado físico não tem pressionado os preços. Amaral acrescenta que as chuvas no fim de semana reduziram o déficit hídrico em algumas áreas produtoras. Em compensação, a colheita não terminou em muitas regiões, o que pode prejudicar a qualidade do produto.
Venda é lenta no mercado físico
O mercado físico de café começou calmo esta semana. Neste mês de setembro, o exportador se vale de produto entregue por meio de Cédula de Produto Rural (CPR) e venda futura contratada antecipadamente. Por isso, não tem urgência de comprar no físico, informa um corretor de Santos (SP).
O vendedor, por sua vez, está retraído, apesar dos armazéns do interior cheios de cafés colhidos nesta safra e da iminência de florada nas lavouras. “Os negócios não representaram volume significativo” nesta segunda-feira, diz a fonte.
O comentário na praça de Santos é que três ou quatro firmas mostravam maior interesse de compra, como Casas Sendas, Rio Doce e Mitsui. Café tipo 6, finos, com 12% a 13% de catação, foi cotado a R$ 263/R$ 265 a saca de 60 kg. Cafés tipo 6, de boa qualidade, com 17% a 18% de catação, foram cotados a R$ 260 a saca.
Os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) encerraram em alta, acompanhando a puxada da Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Setembro na BM&F subiu 0,8, a US$ 153,50 a saca. Dezembro avançou 3,85, a US$ 164,50 a saca.
O leilão de CPR (aviso 13.757), realizado ontem pelo Banco do Brasil, teve oferta de apenas 1 lote, que não foi negociado.
Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em setembro, até ontem, alcançavam 1.466.104 sacas, em alta de 24,3%, em relação ao observado no mesmo período do mês anterior. Em agosto foram embarcadas 1.889.052 sacas. Este mês, até ontem, foram emitidos certificados de origem de 1.788.327 sacas, resultado 12,1% maior em comparação com o mesmo período do mês anterior.