Segunda-feira, 09 de novembro de 2009, 18h44
SILVANA ROCHA
Pela quinta sessão consecutiva, o dólar fechou o dia em baixa em relação ao real. O dólar comercial recuou 1,05%, para R$ 1,701, no mercado interbancário de câmbio. Em novembro, a moeda acumula uma desvalorização de 3,13% e, no ano, de 27,15%. Já na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a moeda à vista registrou hoje baixa de 1,09%, a R$ 1,7002.
Apesar do declínio da moeda elevar as expectativas de que o governo brasileiro pode, a qualquer momento, anunciar novas medidas cambiais, os investidores reforçaram as vendas, pautados pelo cenário externo. Segundo o operador Felipe Brandão, da ICAP Brasil, a percepção de que os juros nos Estados Unidos não devem subir tão cedo fez os recursos serem investidos em ações e commodities, reduzindo a cotação do dólar.
Essa percepção está ligada às declarações dos integrantes do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) neste fim de semana, reafirmando o compromisso de manter as medidas adotadas para enfrentar a crise mundial. Os maiores bancos centrais do mundo também informaram hoje, em Basileia, na Suíça, que a economia mundial já dá “claros sinais de estabilização” e que as medidas excepcionais tomadas por governos de todo o mundo “evitaram uma depressão”. No entanto, a reunião na Suíça, que contou com a presença do presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, concluiu também que os riscos ainda não foram totalmente superados.
De acordo com Brandão, a expectativa de novas medidas cambiais deveria sustentar o dólar acima de R$ 1,70 no Brasil. Mas a onda positiva no exterior contribuiu para a baixa de hoje. “Outras moedas vêm em linha com o real, e as bolsas também”, disse. A volta do dólar para a faixa de R$ 1,70, no entanto, acende um sinal de alerta no mercado. Quando o governo adotou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 2% sobre o capital estrangeiro, em 20 de outubro, a cotação do dólar comercial havia fechado em R$ 1,744.
O economista Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor, não tem dúvidas de que o governo deve anunciar a qualquer momento novas medidas cambiais. Para ele, a adoção do IOF de 2% no ingresso de capital estrangeiro já foi uma sinalização de que o governo não vai permitir uma apreciação muito acentuada do real.