Quinta-feira, 10 de dezembro de 2009, 10h17
CRISTINA CANAS
O dólar comercial abriu em baixa de 0,85% hoje nas negociações no mercado interbancário de câmbio, cotado a R$ 1,756. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar com liquidação à vista abriu em queda de 1,06%, a R$ 1,7541. Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao terceiro trimestre, mostrando crescimento de 1,3% ante o período anterior, frustraram o mercado, que previa alta de 1,6% a 2,9%, com mediana de 1,95%. Decepcionaram ainda mais o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que esperava uma taxa que, anualizada, apontasse expansão de mais de 8%, quando o resultado efetivo representa avanço de 5,3%.
Ainda assim, os operadores do mercado de câmbio acreditam que a taxa divulgada na manhã de hoje não vai interferir de forma significativa nos negócios. “O dado do PIB hoje significa que o crescimento de 2010 ficará mais próximo de 5% e não de 6% a 6,5% como se estimou, na onda recente de euforia. Ainda assim, teremos o maior crescimento da America Latina e continuaremos melhor do que os outros países”, disse o economista-chefe do banco alemão WestLB, Roberto Padovani.
A queda do dólar ante o real neste início de manhã representa um ajuste em relação à forte alta que se acumulou nos últimos pregões e que espelha uma mudança de posição dos principais investidores do câmbio no mercado brasileiro. Do final da semana passada para cá, os investidores estrangeiros e os fundos inverteram a mão, passando de posições vendidas (aposta na baixa do dólar) para compradas (aposta na alta da moeda norte-americana).
Os estrangeiros, que estavam comprados em cerca de 10 mil contratos futuros de dólar, passaram a vendidos em 80 mil. Os fundos, que na semana passada estavam vendidos em 17 mil contratos, aumentaram essa posição para 50 mil e inverteram rapidamente, encerrando o pregão de ontem praticamente zerados. Já os bancos fizeram o contraponto, saindo de vendidos em 42 mil contratos no início da semana para vendidos em 115 mil contratos ontem.
Essa alteração está ligada à mudança de perspectiva sobre o cenário internacional. A semana foi de piora com rebaixamento na classificação de risco da Grécia e da Espanha, alertas sobre os déficits dos Estados Unidos e Reino Unido e dados fracos nas economias do Japão e Alemanha. “Houve uma piora no sentimento de aversão ao risco que explica esse movimento, mas o Brasil continua bem”, diz Padovani.
Para Alberto Felix de Oliveira Neto, do banco Indusval, a mudança de posições no mercado futuro acumulada nos últimos pregões é grande e o espaço para que o movimento continue diminuiu. Por isso, ele avalia que o ajuste da abertura pode continuar pelo restante do dia, a menos que haja uma notícia negativa nova.