SÃO PAULO – Pelo quarto dia seguido os vendedores falaram mais alto no câmbio local, Mas, ainda assim, o dólar encerra o mês acumulando leve alta de 0,45%. No ano, no entanto, a história é outra, com a moeda acumulando baixa de 5,16%.
No pregão desta terça-feira, o dólar comercial encerrou com baixa de 0,81%, a R$ 1,580 na venda, menor cotação desde o dia 2 de maio. Na mínima, a moeda caiu a R$ 1,578. O giro interbancário foi de US$ 2,4 bilhões.
Nesses quatro dias de queda, a moeda perdeu 3% de seu valor. Em comparação com a máxima do mês, registrada a R$ 1,633, o preço cedeu 3,25%.
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto cedeu 0,72%, para R$1,5795. O giro caiu de US$ 343,5 milhões para US$ 235,5 milhões.
No mercado futuro, o dólar para junho, que expira hoje, apontava baixa de 0,53%, a R$ 1,5805, antes do ajuste final. O contrato para julho, que já concentra a liquidez, perdia 0,78%, a R$ 1,589.
O Banco Central (BC) voltou a fazer duas compras à vista e tentou rolar swaps cambiais reversos (instrumento que equivale à compra de dólar no mercado futuro). O leilão de swap foi anunciado duas vezes, mas o BC recusou as propostas. A intenção era rolar 34 mil swaps que vencem amanhã, para agosto e setembro.
Desde o fim da semana passada os vendidos se movimentavam para rentabilizar sua posição que ganha com a queda do dólar, e, novamente, parecem ter conseguido.
Além dessa pressão inerente à formação da Ptax (média das cotações ponderada pelo volume) que liquida os contratos futuros, a cena externa também contribuir para a venda de moeda americana.
O dólar perdeu valor para o euro e outros rivais, conforme cresceu a percepção de que a Grécia poderá receber mais ajuda para lidar com seu endividamento soberano. Com isso, cai a possibilidade de uma reestruturação da dívida, algo que resultaria em prejuízos para os investidores e maior incerteza sobre o futuro de outras nações endividadas.
Captando a venda de dólares, o Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, recuava 0,45%, a 74,62 pontos, menor patamar em duas semanas. Já o preço do euro subia 0,74%, a US$ 1,438, maior em duas semanas.
De volta ao mercado local, até o pregão do dia 30, os estrangeiros eram os grandes vendidos em dólar, com US$ 18,166 bilhões, sendo US$ 10,20 bilhões em dólar futuro e US$ 7,965 bilhões em cupom cambial (DDI – juro em dólar).
Na ponta oposta temos os bancos, com US$ 13,434 bilhões em posição comprada. São US$ 8,255 bilhões em dólar futuro e US$ 5,179 bilhões em cupom cambial. Cabe lembrar que os bancos possuem outras formas de exposição cambial (mercado à vista, derivativos e contratos de balcão), portanto não é possível saber a posição líquida das instituições.
Fica a expectativa, agora, se os agentes seguirão com posições vendidas, trabalhando pela valorização do real, ou se será possível observar algum rearranjo de posições. Até o fim da semana será possível obter alguma indicação nesse sentido.
(Eduardo Campos | Valor)