Por Francis Fukuyama | The Wall Street Journal
Durante os últimos dez anos, Brasil e Turquia foram celebrados como estrelas do desempenho econômico – mercados emergentes com uma crescente influência internacional. Mas nos últimos meses esses países vêm sendo paralisados por manifestações que expressam insatisfação com seus governos. O que está acontecendo?
O tema que une os eventos recentes no Brasil e na Turquia, bem como a Primavera Árabe de 2011 e os contínuos protestos na China, é a ascensão da nova classe média global. Em todos os lugares em que emergiu, ela causou fermentação política, mas só raramente foi capaz, sozinha, de provocar mudanças duradouras. Nada que vimos recentemente nas ruas do Rio de Janeiro ou Istambul indica que esses casos vão ser uma exceção.
O mundo dos negócios vem falando sobre a ascensão de uma “classe média global” por pelo menos uma década. As empresas estão com água na boca diante da perspectiva de um grande grupo de novos consumidores.
O crescimento econômico mundial ocorrido desde os anos 70 – que quadruplicou a produção econômica global – redistribuiu as camadas sociais ao redor do mundo. As classes médias nos chamados “mercados emergentes” são hoje maiores, mais ricas, têm mais educação e são mais conectadas tecnologicamente do que nunca na história.
A nova classe média não é apenas um desafio para regimes autoritários ou novas democracias. Nenhuma democracia estabelecida deve acreditar que pode relaxar sobre seus louros, simplesmente porque realiza eleições e tem líderes populares. A classe média fortalecida pela tecnologia vai ser altamente exigente com seus políticos.