Dívidas com o café
(06/02/2009 10:02)
Os produtores de café não concordam com as propostas apresentadas pelo governo para a renegociação das dívidas. Eles querem mais. Enquanto o Ministério da Agricultura admite discutir o assunto, o Conselho Nacional do Café propõe o pagamento com sacas do grão.
A cafeicultura tem uma dívida acumulada de aproximadamente quatro bilhões de reais. São compromissos que vem sendo rolados há vários anos. A maior parte do dinheiro é do Funcafé, Fundo de Defesa da Economia Cafeeira.
Depois da renegociação geral das dívidas, permitida pela lei de setembro do ano passado, o Conselho Monetário aprovou em janeiro novas condições para a cafeicultura. O produtor pode, por exemplo, pagar até março deste ano apenas 20% das parcelas de custeio já vencidas. O restante pode ser quitado em quatro parcelas anuais.
O Conselho Nacional do Café, entidade que representa os produtores, considerou, no entanto, que as propostas aprovadas pelo governo não são suficientes para resolver a situação. Diante disso, o Ministério da Agricultura decidiu criar um novo grupo de negociação para discutir outras medidas.
O presidente do Conselho Nacional do Café, Gilson Ximenes, explicou que a principal reivindicação é pagar a dívida com sacas de café. “Digamos que um indivíduo deva R$ 100 mil, nós pedimos um preço de referência para o governo para a saca de café também no mesmo preço de garantia, de R$ 320,00. Então, pega-se os R$ 100 mil, divide-se por R$ 320,00 e acha-se o número de sacas de café. Aí, pega-se 5% ao ano em sacos de café para pagar essa conta durante 20 anos. Essa é nossa proposta”, falou.
O agricultor Lenilton Soares vem renegociando os compromissos com bancos há cinco anos. Ele disse que para manter a lavoura reduziu pela metade o número de funcionários e vem conseguindo pagar as despesas com outros rendimentos.
“Se não fossem outras rendas paralelas à cafeicultura eu estaria fora do ramo do café. A situação hoje é crítica”, avaliou Soares.
As informações partem do Globo Rural.