01/12/2006 17:12:27 –
Da Reportagem
Também sentindo os reflexos da alta da commodity em uma ponta e na outra a retenção de preços no varejo e a concorrência feroz dos grandes grupos, os cafés Dias e Menezes, ambos com mercado concentrado na Baixada Santista e Vale do Ribeira, também apostam na diversificação dos negócios. A ordem nessas torrefadoras é investir em qualidade, com o tipo gourmet, e na presença forte nas cafeterias.
Segundo o diretor do café Dias, José Maria Dias Neto, o gourmet já corresponde a 15% da produção da torrefadora, percentual para ele ainda baixo e que precisa ser ampliado. Dias Neto afirma que essa linha, além de valorizar a marca, atrai consumidores que aceitam pagar até o dobro do preço por um produto de melhor qualidade. E com a febre das cafeterias, o café Dias aproveita a tendência para investir na locação de máquinas que utilizam tanto sua marca como produção. ‘‘Ao mesmo tempo agregamos e fidelizamos o cliente’’.
O empresário também sente os reflexos da tendência de alta do café cru e da estabilidade nas etiquetas de preços do varejo. De acordo com seus cálculos, o quilo do produto, hoje entre R$ 7,00 e R$ 8,50 nos supermercados, deveria estar sendo comercializado a R$ 11,00. ‘‘Não conseguimos repassar porque há uma forte concorrência’’.
Mas Dias Neto diz que o principal fator que pressiona as torrefadoras é a cotação da commodity. Segundo ele, o consumo mundial está aumentando, o que é positivo, porém, o problema é que os estoques estão em queda.
No curto prazo, por exemplo, o consumo dos Estados Unidos e Europa crescerão devido ao frio. ‘‘A pressão para a subida dos preços (da commodity) vai continuar’’.
Para o diretor do café Menezes, Eduardo Gherman, o produtor da commodity não tem do que se queixar e os supermercados tornaram-se o fiel da balança ao segurarem os preços ao consumidor. Segundo ele, para muitos torrefadores, devido à força dos grandes varejistas, a saída é fechar negócios com cafeterias e padarias, onde o repasse do custo é mais fácil.
De acordo com Gherman, a saída do Menezes também tem sido investir em gourmet, que no ano passado correspondia a 7% da produção da marca, patamar hoje em 15%. Ele diz que tanto esse mercado quanto o das cafeterias está em forte ascensão. ‘‘Criou-se o hábito de tomar expresso’’. De acordo com ele, o negócio das casas de café ganhou impulso com a produção de máquinas nacionais e também com a locação do equipamento.
Gherman lembra que o mercado está difícil para as torrefadoras, mas que mesmo assim ainda sobrevivem em Santos pequenas marcas. Elas, porém, sem condições de competir com empresas agressivas no varejo, concentram seus esforços em nichos específicos, como cafeterias e padarias.