Diário da Franca – Marcha – Cafeicultor pede ajuda do governo

18 de março de 2009 | Sem comentários Especiais Mais Café

A pé ou no volante de seus tratores, mais de 25 mil pessoas se concentraram ontem no Centro de Varginha, no Sul de Minas Gerais. A marcha pelo café, parte do movimento SOS Cafeicultura, envolveu não só os produtores rurais, mas também representantes de toda a cadeia que depende direta ou indiretamente da cultura.


Os homens do campo marcharam ao lado de comerciantes, funcionários públicos e também de seus empregados. A motivação para a organização foi a corda no pescoço dos cafeicultores, que ficou mais apertada com o início da crise financeira mundial que derrubou os preços da saca do grão no mercado internacional. Nos últimos dias, a saca foi cotada a R$ 250, levando-se em consideração o café tipo arábica, mais valorizado. Porém, os custo para se produzir os 60 quilos envolvidos pelo saco de estopa chegam a R$ 300. De acordo com o movimento, há 10 milhões de postos de trabalho ameaçados na cadeia movida pela cafeicultura. Desses, 2,2 milhões são diretos, no campo.


Ontem, depois da marcha, os organizadores do SOS Cafeicultura assinaram a Carta de Varginha. O documento vai ser entregue em Brasília, em reunião que será marcada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Gilman Viana Rodrigues, as reivindicações não são apenas dos cafeicultores, mas são também do governo de Minas. O estado responde por cerca de 50% da produção nacional de café, que deve chegar a 36 milhões de sacas, este ano.


Viana explica que a crise que atingiu o café não é nova. Porém, se tornou mais grave com a turbulência internacional. “O café já vinha patinando”, diz. “O movimento foi fruto do custo elevado em um cenário de preços não remuneradores na venda. Nos últimos sete anos a situação se agravou”, explica. Na Carta de Varginha, os cafeicultores pedem a conversão das dívidas em produto físico (sacas), a um preço base de R$ 320 pelo prazo de 20 anos. Também querem a implantação de um programa de leilões de opções públicas de venda de café, com suporte orçamentário de cerca R$ 1 bilhão para aquisição de 3 milhões de sacas.


Segundo o presidente da Comissão Técnica de café da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), João Roberto Puliti, os produtores não estão “com pires nas mãos”. “Queremos pagar as dívidas. Precisamos só da alavanca e do apoio”, reforça. Ele diz que a crise se tornou mais grave nas últimas colheitas. “O valor da saca subiu 22% e a alta dos insumos chegou aos 600%”, explica.


O cafeicultor Eric Miranda Abreu, proprietário da Fazenda Capelinha, de Três Pontas, também no Sul de Minas, e um dos organizadores do SOS Cafeicultura, conta que o movimento foi feito como porque a situação ficou insustentável. “Primeiro vendemos terrenos, bois, imóveis. Tudo foi para o café. Agora, estamos indo para o buraco, quebrando”, conta.

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