Dia de campo reuniu cafeicultores do Noroeste Fluminense

Pesquisa sobre espaçamento mostra que o adensamento aumenta a produtividade do cafezal

Cerca de 350 cafeicultores participaram, na última quinta, 25/08, de um Dia de Campo sobre Cafeicultura de Qualidade, realizado na Fazenda Candelária, em Bom Jesus do Itabapoana, propriedade de José Ferreira Pinto. 

A capacitação foi realizada pela Coopercanol – Cooperativa de Café do Norte Fluminense, Ministério da Agricultura, Governo do Estado (através da Emater-Rio), Prefeitura de Varre-Sai e Sebrae/RJ, instituições que trabalham em parceria para o fortalecimento da cafeicultura no Noroeste Fluminense.

José Ferreira Pinto, anfitrião e presidente da Coopercanol, esclareceu que o principal objetivo foi mostrar o resultado da pesquisa sobre o espaçamento ideal nas plantações de café em regiões montanhosas, desenvolvida pela Pesagro-Rio, em parceria com o cafeicultor.

Ao longo de 13 anos, o pesquisador Wander Eustáquio Andrade analisou os dados das colheitas de cafezais com diferentes espaçamentos, plantados na Fazenda Calendária. A pesquisa provou que o espaçamento de 2 m por 0,5 m (2 metros entre ruas e 50 centímetros entre pés de café) é o que garante maior produtividade na cafeicultura de montanha.

“Para mim é uma satisfação mostrar o que tem sido feito de bom, e essa pesquisa comprovou o que já vem sendo recomendado pelos especialistas, que são 10 mil pés de café por hectare, utilizando o espaçamento de 2 por 0,5. Mas muitos produtores ainda tinham dúvidas sobre a eficácia do adensamento do cafezal, e é por isso que nós precisamos desses encontros, porque é neste momento que trocamos experiências e conhecemos as tecnologias e as novidades em equipamentos e manejo da lavoura” – diz Ferreira.

O resultado da pesquisa foi apresentado na palestra sobre “Como aumentar a produtividade do café arábica através do espaçamento” pelo coordenador Wander Eustáquio. Além da palestra, os participantes foram divididos em grupos e percorreram seis estações práticas: Fertilização do café; Programa nutricional; Tecnologia Mais Café; Manejo de Pragas e Doenças na Lavoura; Manejo de Pragas e Doenças no Terreiro; e Fertirrigação. Técnicos e agricultores também puderam trocar experiências e visitar estandes de empresas do setor agrícola, conhecendo as novidade em produtos e maquinários para a atividade.

O cafeicultor Márcio Vargas ressalta a importância dos dias de campo. “É a nossa oportunidade de confraternização após a colheita, e também do conhecimento de novas tecnologias e novas técnicas de manejo para que nós possamos cuidar bem das nossas plantações de café neste novo ciclo que começa. Estamos iniciando os tratos culturais para a colheita de 2017, e esta capacitação nos dá subsídios para trabalhar com foco na redução dos custos de produção e no aumento da qualidade e da produção do café.


Cafés especiais no Noroeste

Durante dois anos – 2014 e 2015 – o Sebrae/RJ desenvolveu o Projeto de Melhoria da Qualidade do Café no Noroeste Fluminense, através de convênio com a Universidade de Lavras, com apoio da Coopercanol,  Prefeitura de Varre-Sai, Governo do Estado, Ministério da Agricultura, Senar e Faerj. Os técnicos trabalharam na implantação de um programa de gestão com foco no controle de qualidade e melhoria dos processos de pós colheita. 

Os resultados foram surpreendentes, com expressiva redução da porcentagem de cafés com defeito na bebida. A produção de café especial saltou de 10% para 33%;  enquanto a de café riado (baixa qualidade) baixou de 53% para 24% e a de bebida dura (sem defeitos no sabor) subiu de 37% para 43%. O impacto financeiro também foi alto: aumento de 1,3 milhão de reais nestes dois anos, se comparado com o valor da saca de café antes da realização do projeto.

Quatro municípios do Noroeste Fluminense são produtores de café: Varre-Sai, Porciúncula, Natividade e Bom Jesus do Itabapoana, que respondem por 71% da produção de café do Estado do Rio de Janeiro, com predominância de pequenas propriedades e agricultura familiar, com 1203 cafeicultores. 

O café produzido na região é o arábica e devido à topografia (relevo acidentado e altitude que varia entre 600 e 1000 m), a atividade demanda muita mão de obra, gerando trabalho e renda para os habitantes, mesmo com o advento das máquinas portáteis.

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