Evento apresentou informações sobre gestão financeira, desempenho de cultivares, impacto das condições climáticas e a importância da irrigação localizada
Na quarta-feira, dia 6, o Centro de Validação Tecnológica (CVT) do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) sediou o evento “Dia de Campo CVT Café”, promovido pelo Sistema FAEMG Senar, em parceria com a Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Banco do Brasil, Sindicato dos Produtores Rurais de Guaxupé, CVT e IFSULDEMINAS. A iniciativa realizada na Fazenda Experimental de Guaxupé, atraiu quase 200 pessoas, entre produtores, técnicos e lideranças, com o objetivo de compartilhar conhecimentos sobre práticas de gestão, novas cultivares, impacto climático e métodos de irrigação.
O encontro destacou o papel da tecnologia na sustentabilidade e rentabilidade da cafeicultura, reforçando o compromisso com o desenvolvimento rural. Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, enfatizou a importância da parceria entre a cooperativa e o Instituto Federal do Sul de Minas, Campus Muzambinho, que vem transformando a Fazenda Experimental em um centro de referência em pesquisa. “Estamos orgulhosos por estabelecer uma parceria com o Instituto Federal de Muzambinho e acompanhar o desenvolvimento dessa fazenda. Foi uma decisão de muito sucesso, com expectativas superadas no sentido da validação de tecnologias, levando resultados promissores aos produtores. Então, encontros como esse, assim como os próximos, são muito importantes para os cooperados e para os produtores, que vêm até aqui em busca de novas informações”, disse.
O presidente da Cooxupé também destacou a relevância do conhecimento. “É fundamental para que os cafeicultores superem os desafios como, por exemplo, as questões climáticas e as inovações voltadas para essas intempéries”, considerou Melo.
O Centro de Validação Tecnológica (CVT) do IFSULDEMINAS é um espaço dedicado à pesquisa em cafeicultura, onde várias empresas podem estabelecer parcerias para testar e verificar a adequação de seus produtos para a correta recomendação aos produtores. O CVT é integrado ao Polo de Inovação do IFSULDEMINAS, e está localizado na Fazenda Experimental de Guaxupé, onde são realizados os experimentos científicos.
Para o diretor do Campus Muzambinho do IFSULDEMINAS, Renato Aparecido de Souza, a parceria com a Cooxupé já impactou positivamente tanto o setor produtivo, quanto o acadêmico, colaborando na formação dos estudantes. “Hoje, certamente, se nós temos a maior biodiversidade de cultivares de café do Brasil é porque o nome da Cooxupé foi associado ao nome do Campus Muzambinho e gerou confiança das empresas que depositam as suas tecnologias para que a gente possa validar”. No campo acadêmico, ele destacou: “Esse é um momento único, que aproxima a academia das instituições e do desenvolvimento regional. Nossos estudantes têm a chance de enxergar o mundo real, uma experiência que complementa a formação acadêmica com a prática no campo”.
Dia de Campo CVT Café
O Dia de Campo começou com a palestra do gerente geral do Banco do Brasil em Guaxupé, Thiago Zeraick Monteiro, que falou sobre os programas de crédito rural. Em seguida, os grupos se dividiram em quatro estações, onde foram apresentados os temas: “Gestão Financeira na Cafeicultura”, pelo supervisor do programa ATeG Café+Forte, do Sistema Faemg Senar, Rodrigo Elias Batista Almeida Dias; “Desempenho de Cultivares de Café no CVT”, apresentado pela supervisora do CVT Café em Guaxupé, Eduarda Oliveira Albano, e pelo professor do IFSULDEMINAS em Muzambinho, Felipe Campos Figueiredo; “Condições Meteorológicas Ocorridas e Tendências Climáticas”, apresentado por Guilherme Teixeira, coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé; e “Importância da Irrigação Localizada para a Cafeicultura”, apresentada por Rafael Gonzaga, especialista agronômico da empresa Netafim.
O gerente regional do Sistema Faemg Senar em Passos, Rogger Miranda Coelho, relatou o compromisso em levar tecnologia e capacitação aos produtores rurais. “O sistema Faemg Senar atua fortemente na disseminação de conhecimento e tecnologia, através dos cursos de capacitação profissional e da Assistência Técnico-Gerencial. O evento foi muito oportuno para contextualizar os produtores e técnicos, os acontecimentos que impactaram as lavouras de café nos últimos tempos, sobretudo as questões climáticas, mas também demonstrar soluções, dentre elas a irrigação, novas cultivares e também a importância da gestão, assegurando, a cafeicultura com produtividade, rentabilidade e sustentável”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Guaxupé, Mário Guilherme Ribeiro do Valle, o Maé, ressaltou a importância econômica do café para Minas Gerais e enfatizou as ações de capacitação e assistência aos produtores rurais, promovidas em parceria entre o sindicato e o Sistema Faemg Senar. “Precisamos fomentar a tecnologia e esse é o papel que o Senar, a Faemg e os sindicatos cumprem muito bem, estamos realizando mais um dia de campo em parceria com o Instituto Federal de Muzambinho e a Cooxupé, é uma oportunidade para difundir tecnologia, mostrar variedades de café e métodos de irrigação, essenciais para o produtor. O café é a principal fonte de receita desta região do sudoeste de Minas. Quando o café vai bem, a economia também vai bem. Esperamos que os preços continuem favoráveis e que tenhamos sempre boas safras.”
Programas de Apoio ao Cafeicultor
Thiago Zeraick Monteiro, gerente geral do Banco do Brasil em Guaxupé, reforçou o compromisso do banco com o setor agrícola. “Hoje em dia temos para o pequeno produtor rural as linhas do PRONAF, que é o Programa Nacional de Agricultura Familiar, onde temos as taxas de juros mais reduzidas desse mercado do agronegócio, que começam em 2,5% até 6% ao ano, que são acessadas principalmente pela EMATER, que emite um documento que a gente chama de CAF, que habilita o produtor rural a ser pronafiano. Temos também as linhas de ‘PRONAMP Custeio’ e ‘PRONAMP Investimentos’, que atendem o médio produtor rural, que é o produtor rural acima de R$ 500 mil de renda anual até R$ 3 milhões; e, acima desses R$ 3 milhões, as linhas que nós chamamos de produtor rural D+. São linhas com algumas taxas mais altas, mas que também têm os tetos e limites mais altos de custeio e investimentos”, conta.
“O Banco do Brasil hoje tem uma preocupação muito grande com essa questão da agricultura, é um dos seus pilares, é o banco que mais desembolsou recursos agro nos últimos anos, a nível nacional, principalmente na agricultura familiar, que a gente desembolsou em torno de 96 bilhões em 2023, e vem buscando cada vez mais estar junto ao produtor, junto às parcerias como a parceria do Senar, a parceria das cooperativas de crédito, para melhor estar atendendo o mesmo”, finalizou Monteiro.
Produtores valorizam conhecimento e tecnologia
O Dia de Campo CVT Café atraiu produtores de Guaxupé e de diversas cidades mineiras, interessados em aprender e aplicar novas práticas nas suas propriedades. Um dos participantes, Silas Junior, cafeicultor de Guaxupé, destacou a importância de se adaptar às mudanças climáticas e buscar inovações agrícolas. “A gente veio aprimorar mais o conhecimento, ver as variedades de café, a questão do clima. Tenho observado que as mudanças climáticas e as queimadas afetam a cafeicultura, então acredito que é necessário buscar variedades mais resistentes.”
Silvânia Maria da Silveira, que administra a própria produção de café em São Pedro da União, compartilhou sua experiência e o valor do conhecimento obtido no evento: “Eu mesma cuido de toda a produção do meu café, estou adorando o evento, gostei muito de conhecer as diferentes variedades de café e de reconhecer aqui a qualidade do meu próprio café.”
Outro participante, Jair de Sousa Santana Júnior, produtor da cidade de Botelhos, relatou os benefícios dos programas de capacitação do Senar para aprimorar a gestão de sua propriedade. “Vim de Botelhos para participar do evento. Participo do programa ATeG do Senar, que trouxe mudanças muito positivas para a nossa propriedade, especialmente na área de gerenciamento, algo que antes eu não fazia, eu vim ao Dia de Campo, principalmente para conhecer novas cultivares de café.”
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