O Dia de Campo da Cafeicultura realizado quinta-feira, 14, na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – (Epamig), em Machado, no Sul de Minas, reuniu mais de 170 produtores rurais. Durante a abertura do evento, a pesquisadora Sara Chalfoun palestrou sobre as demandas mundiais e oportunidades para a cafeicultura. Ao falar sobre o crescimento do setor após a crise do café ocorrida recentemente, a pesquisadora salientou que “houve segmentação da produção da bebida, profissionalização do produtor. Crescemos muito com a crise, mas é preciso estarmos atentos ao mercado” – conclui.
Os produtores rurais tiveram a oportunidade de visitar os experimentos conduzidos na Fazenda Experimental e trocar informações sobre oportunidades e desafios da atividade. Em cinco estações de campo foram apresentados os resultados dos últimos anos da pesquisa.
O pesquisador, César Botelho apresentou a cultivar Paraíso (H419-1), desenvolvida pela Epamig em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ela é recomendada para sistema adensado e agricultura familiar.
César Botelho caracterizou a Paraíso como uma cultivar resistente à ferrugem, de alta capacidade produtiva, bom vigor vegetativo, uma alternativa para a cafeicultura de montanha. Segundo o pesquisador muitas propriedades do Sul de Minas têm declividade bem acentuada e isso muda o manejo da cafeicultura. “Várias operações durante o ano, inclusive a colheita, são feitas manualmente, o que dificulta um pouco e pode encarecer em termos de mão de obra”, informa. Entretanto, César explica que isso tem sido solucionado com a utilização de novas tecnologias, como pequenas máquinas para colheita, manejo de mato, de pragas e doenças; melhoramento de cultivares mais adaptadas para esse tipo de região.
Reconhecimento, danos e controle de pragas e doenças também foram abordados durante o evento. A poda do cafeeiro foi tema de estação de Campo. De acordo com o agrônomo Cristiano de Andrade, bolsista da Epamig, a poda é uma operação que influência muito nos resultados produtivos e econômicos dentro da propriedade de café. Ele explica que é preciso avaliar alguns aspectos, antes de fazer a poda, como: idade da lavoura, verificar se a cultivar é adequada para a região, fechamento da lavoura (crescimento excessivo pode dificultar aplicações de adubos e defensivos), pragas e doenças (verificar se há manejo dificultado) e população de plantas.
“Como estamos em ano com bom preço de café, essa poda deve ser analisada com mais critério: é importante que a decisão de poda seja tomada de talhão por talhão e não na lavoura como um todo. É necessário ter indicadores técnicos e financeiros de cada talhão para optar pela poda ou não”, explica César Botelho.
Durante o Dia de Campo também foi aplicado questionário, que faz parte de uma das ações do projeto “Desenvolvimento e avaliação de ferramentas de comunicação rural para a cafeicultura do Sul de Minas.” O trabalho é financiado pelo Consórcio Pesquisa Café, numa parceria entre Epamig, Universidade Federal de Lavras (UFLA), Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Emater.
Para o cafeicultor de Machado José Hélio Ferreira as tecnologias desenvolvidas, por meio da pesquisa, contribuíram muito para o reconhecimento e controle de pragas em sua propriedade. “Há mais de 30 anos trabalho com o café. Acompanhei muitos avanços na área”, comemora José Hélio que trabalha com as cultivares Mundo Novo e Catuaí.
Certifica Minas Café
O Programa de Certificação de Propriedades Cafeeiras – Certifica Minas Café também foi tema apresentado durante o Dia de Campo pelo extensionista da Emater, Edson Logato. Ele explicou como a certificação pode abrir oportunidades para as propriedades já certificadas.
A Fazenda Experimental da Epamig de Machado (Fema) é certificada desde 2008 pelo Instituto de Mercado Ecológico – IMO Control. Como fazenda modelo para a região, a Fema adotou novas práticas, requisitos para a certificação, como: fossa séptica, equipamentos e ferramentas adequados; refeitório e banheiro na lavoura para uso do trabalhador do campo.
A Fazenda também é modelo em outras áreas. Atualmente, são cultivas 32 variedades de café nas lavouras experimentais, que servem como vitrine tecnológica para os cafeicultores da região.
De acordo com o gerente da Fema, Gilmar Cereda, outras ações como distribuição de sementes e mudas de qualidade também são desenvolvidas na Fazenda, além das visitas técnicas. “Recebemos anualmente produtores da região e alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas (campus Machado) e do Centro Superior de Ensino Pesquisa e Pesquisa de Machado (Cesep)”, explica.