Prioridade para o campo
As previsões sobre
a próxima safra mostram que o agronegócio terá dias melhores nos próximos meses.
Depois de um ano em que “deu tudo errado”, na avaliação do ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues, a safra 2005/2006 promete notícias positivas
para o setor, embora não haja motivos para euforia.
Se as condições
climáticas forem favoráveis, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab )
estima uma safra de grãos entre 122,7 milhões e 124,9 milhões de toneladas, ou
seja, o crescimento pode ser de até 10% em relação ao que se colheu em
2004/2005. Culturas de peso significativo para o agronegócio devem ter expansão
expressiva, como no caso do milho (+19,3%) e soja (+13,4%). Outro produto
importante para o qual a Conab prevê um salto é o café, que deverá ter produção entre 40,43
milhões e 43,58 milhões de sacas, ou seja, o crescimento poderá ser de até
32,3%. No caso do café arábica,
com produção prevista entre 30,50 milhões e 33,52 milhões de sacas, o aumento
pode superar 40% na próxima safra, de acordo com a estimativa da
Conab.
São números que animam o setor, já que sinalizam um aquecimento
para a ampla gama de produtos e serviços que atuam no agronegócio. É uma
sinalização positiva também para a economia brasileira, tendo em vista o peso
significativo do setor, não apenas no Produto Interno Bruto (PIB), mas também
para as exportações. No entanto, essa previsão otimista não é suficiente para
trazer tranqüilidade ao agronegócio. Na soja, por exemplo, haverá redução da
área plantada depois de oito anos seguidos de expansão. Além disso, as cotações
do produto devem ter queda, com o aumento da produção de países como os Estados
Unidos (que deve ter a segunda maior safra de sua história) e a
Argentina.
Além disso, problemas como a volta da febre aftosa continuam a
ser uma ameaça para o agronegócio. A baixa capitalização do produtor também
continua a ser um entrave para o crescimento, prejudicando toda a cadeia
produtiva. E o dólar em queda é mais um empecilho para a lucratividade, como já
se começa a perceber pela intenção de importantes empresas da agroindústria de
desacelerar seus negócios em 2006.
Por isso, é preciso que se tenha
especial atenção com o setor. O governo federal precisa ter sintonia fina com as
necessidades do agronegócio. Em um ano eleitoral, como será 2006, é comum que se
dê ênfase às obras vistosas e aos projetos de presumido impacto junto à opinião
pública, e o agronegócio não costuma se incluir entre eles. No entanto, o
momento é de ter atenção redobrada para o setor, até porque se não for assim
quem perde não é apenas o agronegócio, mas principalmente a economia
brasileira.