Deu borra na premiação do Cup Of Excellence

14 de março de 2007 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: 14/03/2007 08:03:47 - Hoje em Dia

Nairo Alméri


A entrega dos cheques, ontem, para os donos dos 29 lotes de café do leilão do 8º Concurso de Qualidade cafés do Brasil, do Cup Of Excellence – 2006, vencido por produtores de Minas, São Paulo e Bahia, teve, nas intervenções, pouco ar de festa. Mas sobraram críticas. Críticas contra os próprios produtores. Dos premiados, só a metade compareceu para receber os prêmios. No auditório da Faemg, dos 36 presentes, maioria era de diretores e funcionários da federação, representantes de outras entidades, jornalistas, assessores e cinegrafistas.
O presidente da Faemg e do Sebrae-MG, Roberto Simões, recheou de crítica a sua saudação. Apontando a ausência da cafeicultura na implantação de muitas políticas reclamadas há anos, como qualidade, certificação, diferenciação do produto pelo marketing etc. ‘O (problema do) marketing começa por aqui. Numa cerimônia desta importância, temos poucos presentes‘. No final da premiação, o presidente da Faemg recebeu apoio de um dos premiados, que sugeriu, nas edições seguintes, não se entregar os cheques aos ausentes.
O dirigente da agropecuária mineira já havia apontado a comodidade dos cafeicultores em questões em que houve avanço das torrefadoras. Foi na implantação do Programa de Alimentação Segura (PAS), que dita as boas práticas que devem ser adotadas em toda a cadeia. ‘Começou na indústria. Foi para a mesa, nos restaurantes, e não chegou na produção, quando deveria ter começado pela origem (nas lavouras)‘, reclamou.
O PAS foi elaborado pelas diversas divisões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Ministério da Agricultura), em 2005. O programa envolvia parcerias com os sistemas Sebrae, Senai e Senar (Sistema CNA), cujo convênio está vencido.



Significado


Antes de Simões, o tesoureiro da Faemg e presidente da Comissão de Política do café, João Roberto Puliti, já havia manifestado contrariedade com o desprezo dos cafeicultores para a entrega da premiação, promovida pela Associação Brasileira de cafés Especiais, que teve 352 lotes inscritos – 150 pré-selecionados, dos quais 54 aprovados na fase do Júri Nacional, e, depois, 28 finalistas apontados por um Júri Internacional, com pontuação de 0 a 100. Os 29 lotes totalizaram 794 sacas, variando de 21 a 82 sacas.


Lula


Puliti bateu na tecla da desunião como maior adversário das reivindicações do setor. ‘Quando Lula (o presidente Lula) foi candidato pela primeira vez (em 1989), esteve em Varginha (reunido com cafeicultores). Ele entendeu tudo, porque, depois, em entrevista à jornalista Míriam Leitão, de O Globo, repetiu tudo. Mas, infelizmente, estamos patinando até hoje‘.


Exemplo da Europa


No dia 26, a Assembléia Legislativa fará uma audiência pública para o setor produtivo do café. Puliti, porém, deu a entender que não basta e sugeriu ações práticas. Ele citou posturas como a dos cafeicultores de Carmo de Minas, no Sul de Minas, que colocaram uma tarja preta na placa que indica o município como o produtor do melhor café do mundo. Concluiu lembrando que, na Europa, os agricultores protestam queimando a produção e colocando vacas nas ruas. ‘Aqui (no Brasil), só cumprimos nossas obrigações‘.


Vencedor


No leilão do Cup of Excellence, o lance médio para os lotes comprados foi de US$ 686,11 (R$ 1.475, no câmbio de R$ 2,15, em 16 de janeiro último). O máximo, para lote de 21 sacas do café bourbon amarelo, da Fazenda Esperança, de Carmo de Minas, atingiu US$ 1.746 (R$ 3.754), ofertado pela japonesa Muruyama Coffee, representando a Mikatajuku Group e Orsir Coffee, de Taiwan. O lote vencedor recebeu 94,43 pontos no conjunto da avaliação de suas propriedades – corpo, sabor, doçura e grau de acidez em cada amostra.


O recorde


Na edição de 2006 do Cup of Excellence, não houve quebra do recorde, atingido em 2005, em lote de 25 sacas, da Fazenda Santa Inês, também de Carmo de Minas. Aquele lote recebeu lance de US$ 6.580 a saca, arrematado por duas lojas de cafés de pequeno porte, a Instaurator, da Austrália, e a Caffe Artigiano, do Canadá.



Embraer * Com a publicação (envio de comunicado à Bovespa), ontem, do anúncio de encerramento da oferta pública de 10% das ações do capital, equivalentes a R$ 1,6 bilhão, a Embraer deve gerar grande expectativa no pregão desta quarta-feira.


Saíram * Na oferta da Embraer, iniciada em 30 de janeiro, saíram do capital da empresa as francesas Dassault Aviation e EADS, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil) e Sistel (Telebrás).


Justiça Federal/Fiat * Sobre nota dada aqui, dia 5, relatando dificuldades dos importadores junto à aduana, e revelando que o juiz federal da 18ª Vara Federal de Belo Horizonte determinara o arquivamento e baixa de autos do mandado de segurança 2006.38.00.020711-9, da Fiat Automóveis S/A, a juíza federal diretora do Foro, Maria Edna Fagundes Veloso, enviou correspondência com a posição do magistrado responsável, Regivano Fiorindo: ‘A demanda foi arquivada em virtude da satisfação do quanto requerido à Justiça Federal em sede de decisão liminar. Houve, sim, a perda do objeto da ação, com a conseqüente sentença extintiva, que sequer foi objeto de recurso por qualquer das partes interessadas‘.
 

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