O cientista colombiano Manuel Patarroyo, descobridor da vacina contra a malária, defendeu hoje, na Costa Rica, os benefícios para a saúde humana do consumo do café, bebida “estigmatizada” por mitos que as pesquisas científicas derrubaram, afirmou. “O café tem sido uma bebida muito estigmatizada devido a interesses econômicos, (mas) a verdade é que é uma bebida que só traz benefícios”, afirmou o pesquisador.
Patarroyo foi convidado pelo Instituto Costa-Riquenho do Café (Icafé), para dar uma conferência sobre suas pesquisas relativas à composição química do café e seus efeitos benéficos na saúde humana, sobre os quais disse ter se interessado há muito tempo.
“Todo mundo pensa: “café-cafeína”, mas (no café) há uma quantidade de substâncias fantásticas (mais de mil), como aminoácidos livres, sobretudo leucina e femilamina, que são excelentes complementos para a comida”, insistiu Patarroyo.
O café contém, ainda, substâncias anticancerígenas, como os ácidos graxos e os ácidos lipídicos. O senso comum diz que o café causa gastrite, “o que é verdade”, reconheceu o médico colombiano, que recebeu o título de doutor honoris Causa da Universidade da Costa Rica (UCR), entre outras distinções recebidas em vários países por seus feitos científicos.
Patarroyo explicou que a gastrite é provocada por uma bactéria chamada Helicobacter pylori, que causa certa acidez no estômago. Segundo o médico, o consumo do café estimula a acidez da bactéria, mas não é a causa da inflamação, o que “é uma diferença muito grande”.
O consumo do café também está relacionado com problemas de hipertensão arterial, infarto do miocárdio e derrames cerebrais mas, segundo Patarroyo, 30 anos de estudos sérios em todas as partes do mundo concluíram “que nada disso é verdadeiro”.
Estes estudos têm demonstrado, por exemplo, que o café melhora os pacientes com mal de Parkinson, doença degenerativa do sistema nervoso, que faz com que a pessoa sofra de tremores, rigidez e dificuldades de coordenação. “Sabe-se, entre outras coisas, que se a pessoa tomou café, o aparecimento do (mal de) Parkinson demora de cinco a oito anos em relação àquelas que nunca tomaram café”, afirmou.
A explicação é que o café tem substâncias como os ácidos ferúlicos, que têm a capacidade de “chupar” ou remover as substâncias tóxicas geradas no organismo em conseqüência do metabolismo natural das células, que liberam peróxido de hidrogênio, radicais livres de oxigênio, óxido nitroso e outras substâncias nocivas.
Também se descobriu que o consumo do café reduz em cinco vezes o risco de câncer de cólon e está associado à redução da formação de cálculos biliares e de cirrose hepática. Outro dos “mitos” descritos por Patarroyo é o de que não se pode dar café a crianças ou adolescentes. Na verdade, o café melhora a atividade e a concentração, aumentando a capacidade de aprendizagem. “(Portanto, o café) não tem os efeitos prejudiciais atribuídos a ele e isso é algo aceito pela comunidade médica mundial”, concluiu.
AFP