Descoberto novo uso de defensivo Temik da Bayer

Num planeta que tende a privilegiar a energia renovável, a Bayer pode ter um grande negócio nas mãos. Segundo Camarani, as vendas de Temik para as usinas no País praticamente dobraram de 2004 para 2005: saltaram de 380 toneladas para 740 toneladas. Inclui

Por: Gazeta Mercantil

Ribeirão Preto (SP), 1 de Dezembro de 2005 – Um defensivo agrícola da Bayer começa a seguir o mesmo rumo do remédio centenário da multinacional alemã para uso em humanos, a Aspirina, que ajuda a tratar de dor de cabeça a doenças cardíacas. Trata-se do Temik, há mais de 30 anos no mercado, cujo uso – agora se sabe – elimina não somente Temik, da Bayer, tem uso renovado nos canaviais, com forte queda nos custos de produção. a principal e mais recente praga dos canaviais, a cigarrinha, como também nematóides, parasitas desenvolvidos pela soja no rodízio da cana que afetam a produtividade não somente da leguminosa como também dessa gramínea.

Com a aplicação do Temik, da Bayer CropScience, a Usina de Açúcar e Álcool MB Ltda., de Morro Agudo (SP), elevou a produtividade dos canaviais em 12,4% em três safras. Saltou de 85,8 toneladas por hectare em 2002 para 96,5 toneladas por hectare em 2005. Trata-se de produção 37,9% maior do que a média nacional, de 70 toneladas por hectare, segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).O ganho de produtividade da Usina MB foi conseguido graças às condições climáticas na região de Ribeirão Preto – apesar de elas terem se alternado muito no período – mas, principalmente, por causa do controle químico do inseto conhecido como “cigarrinha das raízes”, afirma José Cirillo, gerente agrícola da MB.

“Aplicando o Temik, atiramos na cigarrinha, mas acertamos os nematóides”, diz Cirillo. “Fizemos uma descoberta operacional”, comemora. Eis aí a descoberta de Cirillo que remete à comparação entre moléculas.

“Imagine que você tenha de comprar remédios, cada um para uma doença. É muito mais fácil, e mais barato, comprar um remédio só, com a vantagem de se fazer apenas uma aplicação. A redução de custos proporcionada pelo produto da Bayer é comparável ao da Aspirina”, afirma o engenheiro agrônomo Carlos Alberto França Ribeiro, professor da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp).

“A partir de 2000, quando voltamos a usar o Temik, enxergamos resultados cada vez melhores. Havíamos chegado ao limiar da produtividade, analisamos o solo, inclusive para nematóides, e aí percebemos a descoberta”, relata Cirillo, engenheiro agrônomo com 25 anos de experiência na cultura canavieira. “Na cana-de-açúcar, o produto não era usado para nematóides. Foi uma surpresa para a Bayer também”, declara Cirillo.

“Já tínhamos estudos sobre o controle das pragas canavieiras, mas o resultado operacional e a relação custo/benefício do produto só foram comprovados pela Usina MB”, concorda Humberto Camarani, gerente de cultura Cana-de-Açúcar da Bayer CropScience do Brasil.

Num planeta que tende a privilegiar a energia renovável, a Bayer pode ter um grande negócio nas mãos. Segundo Camarani, as vendas de Temik para as usinas no País praticamente dobraram de 2004 para 2005: saltaram de 380 toneladas para 740 toneladas. Incluindo outras culturas, entre elas citros e café, o produto já é o carro-chefe da multinacional no Brasil.

Cirillo, da MB, explica que as exigências ambientais impõem expansão da colheita mecanizada da cana crua, processo que deixa a palha da cana no solo. “A palha tem uma série de vantagens: é isolante térmico, retém a umidade no solo e até ajuda a controlar ervas daninhas, podendo suprimir herbicidas”, diz o gerente agrícola da MB, empresa cujo controle é dividido entre as famílias Biagi e Junqueira.

“No entanto, a palha favorece a multiplicação da cigarrinha, que gosta de umidade e calor. O potencial de infestação do inseto aumenta a cada ano, desde 2000, devido ao aumento das áreas de colheita da cana crua”, afirma.

“A cigarrinha é a mesma praga das pastagens. Suga a seiva da cana pela raiz e afeta a produtividade dos canaviais”.

O ganho de produtividade foi conseguido nos 5 mil hectares colhidos mecanicamente, correspondente a 16,7% dos 30,2 mil hectares de área total.

Isso significa que a produtividade dos canaviais tende a aumentar na proporção direta em que as usinas deixarem de queimar os canaviais e, simultaneamente, combatem a cigarrinha das raízes. “Até cinco ou seis anos atrás, a cigarrinha não tinha impacto econômico na atividade. Mas sua população explodiu de lá para cá, resultando em custo adicional no trato dos canaviais”, declara Cirillo. “Agora, o combate eficiente à cigarrinha nos permitirá continuar com o avanço da colheita da cana crua e, além disso, registrar sensíveis ganhos de produtividade”, declara.

kicker: Usina MB descobriu que o inseticida combatia também o nematóide, fato que a própria Bayer CropScience ignorava

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 12)(Edson Álvares da Costa)

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