Prédio completou 121 anos e é um dos principais pontos turísticos da cidade
Por Renato Ferezim
Um patrimônio histórico do século 19, um marco da arquitetura Belga. Após mais de 3 anos fechada, a antiga Estação Ferroviária de Bananal deve abrigar em breve uma agência dos Correios.
A estrutura foi fabricada na Bélgica, importada e montada em 1888 para atender a Estrada de Ferro Bananal, que funcionou até 1964 (leia a história no final desta página). Dez anos depois, o governo transferiu a propriedade do prédio para os Correios e a prefeitura utilizou o local como estação rodoviária até o ano de 2006.
O prédio foi fechado após uma ordem judicial impedir que a prefeitura continuasse utilizando o local. “Enviamos uma solicitação para Brasília para que este patrimônio seja devolvido à Prefeitura. Isso está no Ministério do Turismo e até o momento não tivemos resposta”, diz Patrícia Falcão, secretaria de cultura da cidade.
A afirmação da secretária é contestada pelos Correios. Segundo a empresa, o prédio foi ocupado pela prefeitura, que anos depois entrou com um processo de desapropriação, que teve sentença favorável aos Correios em 2006.
Hoje, o prédio que completou 121 anos no dia 3 de janeiro, está vazio. Os trilhos já não existem mais, a locomotiva e os móveis da estação foram levados para o Museu Imperial de Petrópolis. “É uma pena, boa parte do nossa história estava na estação, que podia ser hoje um centro cultural”, diz Plínio Graça, prefeito da cidade na época da desativação da ferrovia.
São visíveis também os sinais do período em que o prédio permanece fechado. Ferrugem e marcas de vandalismo podem ser observados na área externa.
Em nota, a direção dos Correios informa que aguarda um posicionamento do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) para a reforma e a instalação de uma agência no local. “O imóvel não dispõe de sanitários e condicionamento térmico, portanto, a empresa aguarda uma posição do Condephaat sobre as possibilidades de reforma do prédio, primordiais para uma possível ocupação do local”, diz a nota.
O Condephaat informou que ainda analisa o processo de autorização das mudanças solicitadas pelos Correios.
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História
A estação foi encomendada pelo barão do café, Manuel Aguiar Valim. “Ele importou a estação da Bélgica. Toda a estrutura de metal e as chapas vieram de navio e eram desmontáveis para que ele pudesse trocá-la de lugar se necessário”, diz Reinaldo Afonso, representante da Associação Bananalense de Turismo. Valim faleceu em 1878, dez anos antes de ver a obra terminada.
A estrutura toda em ferro fundido foi fabricada pela empresa Forges, na cidade de Aiseau, na Bélgica.
A estação era o ponto inicial da Estrada de Ferro Bananal, que foi projetada especialmente para escoar a produção de café do Vale Histórico. Os planos começaram a mudar com a ferrovia prestes a ser inaugurada. Com a abolição da escravatura, em 1888, o mercado de café entrou em crise na região e a ferrovia passou a transportar a pequena produção de leite da cidade.
O primeiro embarque de passageiros na estação, para a cidade de Barra Mansa, no Rio, aconteceu no dia 3 de janeiro de 1889. Durante 30 anos a ferrovia e a estação foram custeadas pelos fazendeiros locais.
Com a queda da economia do café e do leite, em 1920 os fazendeiros não tinham mais como custear os luxos que existiam na cidade. Resultado: a Estação passou a integrar o patrimônio da União. A ferrovia foi desativada em 1963, e a estação doada aos Correios em 1976. “Na época nós tentamos de todas as formas manter a ferrovia em funcionamento, mas um decreto do presidente Jânio Quadros ordenou a desativação, alegando que manter a operação trazia prejuízo ao país”, conta Plínio Graça, ex-prefeito de Bananal.
Na década de 80, quando completou 100 anos, a estação foi restaurada com verbas do Condephaat.