Depois do café, vem da Etiópia o crambe

10 de outubro de 2011 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Estado de Minas

10/10/2011 
 
Grão originário da Etiópia já tem variedade nacional e lavouras no estado. Além de ser bem resistente, é opção para a rotação de culturas e bem cotado para produzir biodiesel
 
Pedro Rocha Franco
A origem é a mesma: as terras quentes da Etiópia. Mas enquanto o café há quase três séculos conquistou os brasileiros – pelo gosto e pelo bolso –, o ainda desconhecido crambe, vindo também da África Central, tenta se fazer notar no país. Alternativa para o plantio na safrinha, a oleaginosa é altamente resistente à seca e também à geada, produzindo entre o segundo e o terceiro trimestre, época de falta de chuvas no país.


A introdução do crambe no país se deu em 1995. A Fundação MS trouxe do México variedades de produtos com objetivo de serem opções para a cultura de inverno e também para a cobertura de solo. No entanto, os resultados do crambe para forragem não foram os previstos e o produto praticamente foi deixado de lado. Em meados dos anos 2000, a instituição voltou a pesquisar a eficiência da oleaginosa e verificou ser vantajosa para produção de óleo. Com o início do Programa Nacional de Biodiesel, o governo federal incentivou a continuidade dos trabalhos, e em 2008 foi lançada a primeira variedade de crambe no Brasil: a FMS Brilhante – até hoje a única registrada.


Da produção de biodiesel ao aproveitamento na indústria química, podendo ser usado para fabricação de plástico biodegradável, lubrificantes e os chamados agentes deslizantes, o crambe é apontado como melhor complemento às lavouras de soja em relação ao sorgo e também ao milho.


Atualmente, no país, Goiás concentra metade da produção total do grão, variando de 3 mil a 4 mil hectares plantados. Em Minas, há registros de lavouras no Triângulo Mineiro, de agricultores que já optaram pela oleaginosa. As explicações para a escolha das regiões são duas: o clima favorável e a proximidade com as indústrias transformadoras. Segundo a Fundação MS, duas empresas se destacam no processamento em alta escala do crambe (acima de 1 mil toneladas/mês). Uma está localizada em Goiás e outra no interior de São Paulo, o que facilita o escoamento da lavoura para a indústria.


Em relação aos melhores locais para se plantar o crambe, o pesquisador da Fundação MS Renato Roscoe considera a faixa situada entre o Norte do Paraná e o Centro do país a região mais apropriada para lavouras, mas outros especialistas atestam que Minas Gerais pode ser uma ótima opção, considerando-se o teor mais alto de óleo em regiões mais úmidas. Depois do plantio das sementes, é possível colher o produto em até três meses. Assim, o ideal é plantar o grão entre abril e maio, logo na sequência da safra da soja. “Mas é preciso ressaltar que há limitações para o plantio. O crambe precisa de solos corrigidos. É exigente em fertilidade”, afirma Roscoe.


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Primo da canola


O Crambe abyssinica é uma oleaginosa da família da couza, da canola e da mostarda. Com alto teor de óleo em sua base seca, variando de 35% a 38%, a oleaginosa é considerada boa escolha para a produção de biodiesel. Enquanto isso, a soja tem apenas 18% de concentração de óleo por grão. Em condições ideais, a planta composta por pequeninas flores brancas apresenta produtividade média entre 1 mil e 1,5 mil quilos por hectare, o que lhe garante rendimento de até 570 quilos de óleo durante o processo de extração. Na lista de pontos positivos do crambe, também está sua alta resistência e sua capacidade de produção em períodos frios e secos, o que favorece seu plantio na safrinha. 

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