02/08/2011
Principais produtos do setor geram receita de US$ 40 bi até julho; minério rende US$ 22 bi. Café é o destaque, com receita de US$ 4,1 bi, 75% acima da de 2010; soja rende US$ 10,6 bi, devido ao apetite chinês
MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA
Os preços externos das commodities estão segurando as receitas das exportações brasileiras. De janeiro a julho deste ano, os nove principais produtos da balança comercial do agronegócio renderam US$ 40 bilhões ao país, 21% mais do que em igual período de 2010.
A evolução é ainda maior quando se trata do setor mineral. As exportações de minério de ferro renderam US$ 22,1 bilhões, 79% mais do que de janeiro a julho de 2010. As receitas com petróleo atingiram US$ 12 bilhões, aumento de 39% no período.
O complexo soja (grão, farelo e óleo) continua na liderança do agronegócio. Apesar da safra mundial recorde, os preços se mantêm aquecidos devido ao apetite chinês e aos estoques baixos.
Até julho, as exportações de soja em grãos somaram US$ 10,6 bilhões, 28% mais do que no ano passado.
As receitas com açúcar ocupam o segundo lugar entre as commodities agrícolas.
O açúcar rendeu US$ 7,2 bilhões neste ano, conforme dados divulgados ontem pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Quebra de safra em vários países produtores nos últimos anos, principalmente na Índia, reduziu os estoques mundiais. Neste ano, é a safra brasileira que tem problemas e não se desenvolve no ritmo previsto.
O primeiro contrato do produto está sendo negociado com alta de 48% no mercado futuro de Nova York em relação ao valor de há um ano.
As carnes, embora os dados da Secex indiquem apenas as receitas com produtos “in natura”, somam US$ 7,1 bilhões. Julho teve retração em relação a junho, tanto nas receitas como no volume.
Uma das maiores quedas no mês ficou para a carne suína, devido ao embargo russo. O volume exportado caiu para 30 mil toneladas, 35% menos do que o de junho, e as receitas recuaram para US$ 82 milhões no mês, com queda de 41%.
As carnes bovina e de frango também tiveram quedas, mas em ritmo menor.
Um dos destaques do ano continua sendo o café. As exportações acumuladas até julho já somam US$ 4,1 bilhões, 75% acima das de 2010.
Nesse caso, não são só os preços que estão em alta, mas também o volume exportado. Problemas de oferta na Colômbia e na América Central fizeram os importadores recorrerem ao Brasil, que deverá obter receita recorde.
Suco de laranja e milho também entraram na lista dos produtos com bom crescimento: acima de 70% no ano. Já o fumo em folha andou na contramão. Até julho, as exportações renderam US$ 1,4 bilhão, valor 1,5% inferior ao de igual período de 2010. Em julho, o volume exportado caiu para 59 mil toneladas, ante 68 mil em 2010.