‘Delivery café’ traz lucro para produtor
O caminhão de beneficiar café em casca (em coco) está fidelizando quase 1.500 cafeicultores da região de Jandaia do Sul (18 km a oeste de Apucarana). Todo sistema está sendo batizado pelos agricultores por ”delivery café” porque dentro do baú do caminhão estão instaladas duas máquinas de beneficiamento que prestam o serviço na propriedade do cafeicultor. O sistema garante maior confiabilidade aos produtores porque todo serviço de beneficiamento é prestado no sítio do cafeicultor, bem diante de seus olhos.
O motivo para tanta desconfiança e cuidado em olhar de perto o resultado da produção, está ligado ao preço da xícara de café no mercado europeu que, em média, custa 2,5 euros. Um quilo do grão rende 143 xícaras, o que totaliza 375,5 euros ou R$ 919,38. Neste caso, uma saca (60 quilos) na Europa, transfomado em xícaras, chega a custar R$ 55.162,80. ”Chegamos a processar por este sistema cerca de 100 mil sacas a cada produção (entre junho e março)”, afirma Claudinei Fávaro, presidente da Associação dos Cafeicultores de Jandaia do Sul.
Existem operando na região de Jandaia 3 caminhões, que chegam a processar até 35 sacas de café em casca. Trabalham em cada caminhão até 11 pessoas. Todo processo compreende o café sendo despejado em duas beneficiadoras, tendo nas ”baianas” (esteira redonda que limpa e seleciona os grãos) a base de todo maquinário movido com o motor do caminhão.
Fávaro é proprietário da empresa de Armazens Gerais (AGS), que presta o serviço de delivery café. O produto é beneficiado na lavoura e amarzenado em um galpão da AGS. Além disso, para escoar com melhor preço toda produção cafeeira de Jandaia, ele informa que uma outra empresa ligada à associação negocia toda a colheita no mercado interno, externo e na BM&F. ”Sempre conseguimos o melhor preço, temos corretores sediados em Londrina que negociam dentro e fora do país”, afirma.
Cerealistas – Há alguns anos o cafeicultor deixava toda produção de café no cerealista e não acompanhava o beneficiamento. Segundo Fávaro, há três anos era comum as beneficiadoras oferecerem bom preço pelo quilo beneficiado, porém, havia a desconfiança por parte dos cafeicultores de que estes mesmos cerealistas os ”lesassem” no quilo. ”Antigamente, o maquinista da beneficiadora limpava um quilo de café em casca e a partir desta amostra limpa determinava qual seria a média de um saco de 48 quilos”, conta Fávaro, ao acrescentar que o peso de um saco já limpo de café variava de 18 a 22 quilos.
”Isso trazia muita desconfiança para o negócio. Agora, tudo é feito debaixo do olho do produtor”, sintetiza o cafeicultor. A sua família é pioneira na produção de café em Jandaia do Sul, que teve início na década de 40. O beneficiamento delivery deixa na propriedade do agricultor toda palha, rica em potássio. ”Só pelo preço caro do adubo, deixar a palha do café na propriedade agrega valor na produção também”, avalia.
O agricultor Fabio Henrique Bonardi confirma o bom resultado do serviço ambulante de beneficiar café. ”Ali na sua frente, você vê a realidade, o que sai de palha é palha e o que é pesado é verdadeiro, não há enganação”, diz. Bonardi cultiva 80 mil pés de café em 4,5 alqueires e já está há 4 safras utilizando o sitema delivery café. ”Desde que meu pai plantava café há 30 anos sempre enfrentamos esta história de roubar no peso. Agora, eu vejo a realidade na minha frente”, salienta. (E.P.F.)