Informações só são obtidas na sala de imprensa da OMC
Jamil Chade
Enquanto o Itamaraty comanda as negociações brasileiras na Organização Mundial do Comércio (OMC), os representantes do setor agrícola do País ficam de fora das negociações. Ontem, os delegados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e o próprio Ministério da Agricultura nem sequer eram informados sobre os horários das reuniões, locais ou com quem o Itamaraty se reunia. Tanto a CNA como o Ministério da Agricultura já deixaram claro ao Itamaraty que querem que um acordo seja fechado ainda nesta semana.
“Não podemos mais esperar. Achamos que é melhor um acordo agora, mesmo limitado, a esperar por uma nova administração americana. Se o Partido Democrata vencer as eleições nos Estados Unidos, não teremos de esperar dois ou três anos para a conclusão de Rodada Doha, mas cinco ou até oito anos. Eles vão querer incluir temas ambientais nas negociações e isso vai complicar tudo”, afirmou Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
Porto, assim como os representantes da CNA, nem sequer sabiam de um encontro entre o chanceler Celso Amorim e a representante do Comércio da Casa Branca, Susan Schwab, para tratar de subsídios e acesso do etanol ao mercado americano.
Tanto a CNA como o secretário de Relações Internacionais foram obrigados a entrar na sala de imprensa da OMC para ouvir as conferências aos jornalistas. Para tentar mostrar transparência, o Itamaraty organizou reuniões ontem na missão do Brasil entre os membros da delegação do País. Mas distante da OMC e no mesmo momento em que Amorim entrada para a principal reunião do dia, com apenas 30 países e onde cada governo anunciaria seus principais pontos.
Já a União Européia, defensiva nas negociações do setor agrícola, fazia questão de entrar em todas as reuniões com toda a sua equipe agrícola, inclusive a comissária de agricultura, Marianne Fischer Boel.