Das sacolas aos geotêxteis, Castanhal amplia uso da juta

Por: Gazeta Mercantil

 29/05/2009 – A juta é uma fibra vegetal tradicionalmente utilizada no País para a fabricação de sacos usados no transporte do café em grãos. No entanto, a aplicação na área geotêxtil, para estabilização de solo em obras de infraestrutura, na área automobilística, para substituição de materiais inflamáveis no isolamento térmico e acústico, ou na produção de sacolas, chapéus e outros produtos de artesanato, está permitindo que a Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), principal fabricante da tela natural no Brasil, reduza a dependência das safras de café, bianuais.


Em 2008, 15% do faturamento da empresa, de R$ 66,7 milhões, foi proveniente de vendas para outros segmentos que não a sacaria. O valor foi 25% maior que no ano anterior, em grande medida devido à forte safra de café, e vendas para outras culturas agrícolas. No entanto, a comercialização de telas, utilizadas na produção artesanato, decoração, sacolas, chapéus e outros produtos atingiu 10%. Já as vendas de fios (usado em tecelagens, tapeçaria, artesanato e cabos elétricos) e juta cardada (para a construção civil e indústria automobilística) respondeu pelos 5% restantes.


A Castanhal, que afirma ser a única fabricante de juta no Brasil que possui linhas de produtos voltadas para outras áreas que não sejam a produção de sacaria, registrou aumento de 42,9% na venda de telas para fabricantes de sacolas e de 49,3% na de telas para chapéus. “A intenção de diversificar existe há pelo menos uma década, mas nos últimos anos, o aumento da consciência ambiental permitiu este desenvolvimento”, afirma o diretor superintendente da Castanhal, Flávio Junqueira Smith.


A juta, no entanto, enfrenta a competição com outros materiais recicláveis, já que o preço final do produto costuma ficar mais alto. A vantagem da fibra natural, diz Smith, é que todo o processo de produção, do plantio ao descarte pós-consumo, é realizado de forma ambientalmente correta.


As maiores plantações de juta estão localizadas nas margens dos rios Solimões e Amazonas, por isso não é necessário desmatar. O cultivo da planta dispensa o uso de adubos químicos e fertilizantes, pois a terra é fertilizada naturalmente pelo húmus deixado pelos rios. Também não é necessária a queimada para limpar a área, pois as cheias dos rios se encarregam disso. No descarte, a tela leva de cerca de seis meses para se decompor no solo.


Por isso, a empresa criou um selo “Salve a Amazônia, use juta”, o que também tem potencializado as vendas, especialmente para o exterior. Ano passado, a empresa realizou sua primeira exportação de um lote de sacolas de juta para um cliente na Itália, a Yamamay, uma varejista de moda praia e lingerie. A empresa não realiza grandes volumes de venda ao exterior devido à concorrência dos asiáticos, região onde a fibra tem origem e o custo é muito menor. Apenas 1% da receita provém de exportações.


Enchentes no Norte


As fortes chuvas que atingiram a região Norte do País devem afetar a produção de juta deste ano. Segundo estimativas iniciais, a quebra da produção pode chegar a 50%. Com isso, a Castanhal trabalha com uma expectativa de vendas 10% menores, para aproximadamente R$ 60 milhões. Ainda assim, será superior aos R$ 53,3 milhões de 2007.




 

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