Da horta para casa, sem agrotóxicos

Por: O Estado de São Paulo

05/07/2012 
  
 
 
Família Orgânica


Há 200 anos, ali se plantava café. Hoje, brócolis, couve-flor, serralha, caruru, acelga, ervilha-torta, quiabo e várias outras hortaliças ocupam a lavoura da Fazenda Pereiras, em Itatiba, a 80 km de São Paulo. Integrante da Família Orgânica, grupo de 60 produtores agroecológicos certificados, a Pereiras é tocada por Matias Weier Tentor Vargas, descendente dos primeiros proprietários.


É ele quem guia o grupo de 18 pessoas na visita à fazenda de 156 hectares, junto a Dercílio Pupin, o coordenador da Família Orgânica, e José Barattino, chef do Emiliano. O passeio começa à mesa, com o café da manhã. Geleias, pão, manteiga, bolo de fubá, café e suco de laranja, todos orgânicos e produzidos ali mesmo.


Enquanto provam os sabores da terra, os visitantes aprendem os princípios do cultivo orgânico, apresentados na prática durante o tour pelos plantios. Na roça de milho, Matias mostra como funciona a adubação verde, feita por plantas semeadas entremeando a lavoura que, derrubadas, são incorporadas ao solo como adubo. De lá, o grupo parte para a horta de morangos. Com a safra no início, há poucas frutas maduras, mas elas são comidas direto do pé, sem nem lavar.


“Até mesmo o fruto verde é mais adocicado”, comenta a cozinheira Izabel Cristina de Souza Tavares, que fez questão de levar para casa a couve-flor que colheu. “Não sabia que eles tinham esse esquema de entrega semanal”, diz Izabel, que vai sugerir à patroa que encomende as cestas da Família Orgânica.


Barattino, entusiasta da agroecologia – 75% das folhas, 60% dos legumes e 15% das carnes servidas no Emiliano são cultivados ou produzidos organicamente -, afirma que o segredo é o consumidor. “A oferta só aumentará se ele exigir”, diz o chef. Empolgado com a conexão campo-cidade que vê ali, ele conta que pretende estimular, com Pupin e Matias, mais eventos do gênero. “Saber como os orgânicos são produzidos é um grande impulso para seu consumo”, diz Barattino, que, após a visita, arrisca “invadir” a cozinha da fazenda para “dar uma mão” nos pratos regionais que seriam servidos no almoço – arroz com suã, frango caipira e “feijão com tranqueira”.


Mas foi delicadamente enxotado por Gina Caldas, a chef dali: “Olha, moço. Não gosto de ninguém mexendo nas minhas panelas”. Barattino saiu rapidinho. “Sei bem como é, sou igual.”

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