Da cabine de comando para a lavoura de café

Rogério Fontes Morello vive entre o céu e a terra, literalmente.
 
Rogério Fontes Morello vive entre o céu e a terra, literalmente. No céu é comandante comercial de aeronaves, na terra é produtor de café e dos mais apaixonados pela atividade. Sua fazenda, a Morro Velho, localizada no bairro rural de Queimada Velha, em São Sebastião do Paraíso, possui 17 hectares de lavouras de café, atualmente com média de produtividade entre 30 e 37 sacas por hectare.

Rogério é associado da Cooparaiso há 8 anos, sendo produtor de café há cerca de 7 anos. A precisão e a segurança são essenciais em sua profissão como piloto de avião, que ele utiliza também na produção de café.
 
Coffee Break – Como surgiu a profissão de produtor de café?

Rogério Morello – Tudo começou quando eu e minha esposa, Eliana, quisemos retomar a atividade cafeeira de nossos avós, que pulou uma geração e nós nos interessamos em reviver. O nosso negócio é essencialmente familiar e tenho o apoio logístico, a ajuda de minha esposa.
 
Coffee Break – E a geração futura vai pular ou vai querer ser produtora de café?

Rogério Morello – As gerações futuras estão realizando o ‘negócio café’ de uma forma muito mais dinâmica. Percebem com muito mais rapidez, são muito mais práticos; são mais corajosos em se desfazer do negócio se não for viável. Minhas filhas são muito novas. Quero que a sementinha da paixão pela cafeicultura cresça e se desenvolva no seio de minha família, junto às minhas filhas, a Vitória, a Bárbara e a Rafaela, e até netos, quem sabe. Vejo que entre as atividades agrícolas, o café é a que tem grande longevidade, minhas filhas se identificam com a área rural, mas ainda é cedo para dizer que elas vão seguir esse caminho de produtoras de café.
 
Coffee Break – Todo produtor de café é um apaixonado pelo produto. Você tem esse sentimento positivo?

Rogério Morello – Quando meu padrasto faleceu muito novo, com 55 anos, eu percebi que as coisas acontecem muito rápido e que a gente tem que colocar nossos projetos de modo a não adiá-los. Foi com paixão que eu me tornei um estudante profissional sobre tudo que envolve o café. Eu frequentava o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), palestras da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Cooparaiso. O café é muito apaixonante porque possui incontáveis nuances; o dia a dia do manejo tem várias vertentes.
 
Coffee Break – O café também é uma cultura delicada. Você concorda que o produtor tem sempre que buscar informações para enfrentar os problemas da atividade?

Rogério Morello – Eu acho importantíssimo que o produtor busque informações. Acho que o produtor que está em São Sebastião do Paraíso ou que é atendido por um dos  núcleos da Cooparaiso é um privilegiado, que pode acessar informações de ponta sem a necessidade da internet ou outra mídia. Esse produtor pode estar perto da Cooparaiso, de ler as publicações da cooperativa, tem acesso direto aos profissionais do corpo técnico. No meu caso, que fico muito ausente, faço uso das redes sociais na internet, inclusive da Cooparaiso e Peabirus. 
 
Coffee Break – A mecanização já chegou na sua propriedade?


Rogério Morello – Não iniciei a mecanização porque a topografia de minhas terras não ajuda a mecanização total. Devo usar a semi-mecanização, quero estudar como ficará a tecnologia de cafeicultura de montanha. A área que vou plantar será mais fácil, por ser mais plana, mas não perco de vista a mecanização porque ela é fundamental para a sobrevivência do produtor.
 
Coffee Break – Quais são os projetos de futuro para a propriedade?

Rogério Morello – Projeto para futuro é o de dobrar a área plantada. A meta é a certificação da propriedade, o que não é fácil, porque desejo, apesar da propriedade ser pequena, que tenha o modelo de gestão de uma grande propriedade. Para obter a certificação, no ano passado instalei uma mini-estação de tratamento de esgoto.
 
Coffee Break – Qual a relação que você faz ente suas duas profissões, a de piloto e a de produtor de café?

Rogério Morello – O comandante de aeronaves, em todo o mundo, é a única profissão em que existe verificações anuais realizada por outro profissional – um colega verifica a proficiência de outro colega – e se houver qualquer erro, ele volta para se reciclar. Mas ser produtor de café também não é nada fácil, precisa exercita a inteligência emocional, ter paciência para entender e esperar a natureza agir, a precisão não é a mesma da área de exatas. O tempo de um vôo, na aeronave, não dura uma safra, o tempo de decisão tem que ser veloz e o comandante tenta se antecipar ao máximo em relação às surpresas. Isso me ajuda na cafeicultura, eu tento me antecipar ao máximo das possibilidades negativas que poderão ocorrer e eu me prevenir.
 
Coffee Break

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.