Culturas tradicionais são alvo da Basf e da Roullier

23 de dezembro de 2005 | Sem comentários Comércio Empresas
Por: DCI por Márcio Rodrigues








 
A alemã Basf e a francesa Roullier do Brasil elegeram como um dos alvos para incrementar os seus negócios em 2006 o grupo de culturas classificado no meio agrícola como “os quatro cês”: cana-de-açúcar, cítrus, café e celulose. Esta é, segundo as empresas, uma saída para minimizar as perdas do setor de defensivos e fertilizantes apuradas em 2005.

Durante este ano, o setor de defensivos registrou queda, em seu faturamento de aproximadamente 18%. Em 2004, a receita do setor foi de US$ 4,5 bilhões e, em 2005, caiu para US$ 3,6 bilhões. A receita com as exportações se manteve estável em US$ 400 milhões.

A Basf, uma das maiores empresas do setor de agroquímicos do País, acredita em boas perspectivas para o novo ano. Segundo o vice-presidente da divisão de Produtos para Agricultura da América Latina da Basf, Walter Dissinger, “vamos trabalhar com novos projetos, modelos de negócios e diversificação de áreas, como, por exemplo, o tratamento de sementes e culturas com potencial para focarmos 2006”, explica.

Outra empresa que vê nas culturas tradicionais projeções de maior rentabilidade e uma forma de ampliar vendas é a multinacional francesa Roullier do Brasil, empresa com três unidades no Brasil. Segundo o diretor de relação institucional da empresa e presidente do Sindicato das Indústrias de Adubos do Rio Grande do Sul (Siargs), Torvaldo Antônio Marzolla Filho, nas unidades da empresa em Camaçari (BA) e Santa Luzia do Norte (AL) existe a possibilidade de redirecionar a produção para culturas específicas, como cana-de-açúcar e café. “A produção dessas plantas atinge também outros estados, como Pernambuco”, afirma ele.

As duas unidades da Roullier no Nordeste do País têm capacidade de produção anual de 250 mil toneladas cada. Já no caso da planta localizada em Rio Grande (RS), com capacidade para produzir 500 mil toneladas de fertilizantes por ano, Marzolla afirma que não é possível redirecionar a produção. “As áreas gaúchas são cultivadas com soja, milho, trigo e arroz. Todas essas culturas passam por momentos delicados no que diz respeito às cotações. Além disso, por conta da pauta fiscal do Rio Grande do Sul, que estabelece um ICMS de 8% sobre o produto, aliado ao custo do frete, não conseguimos levar os fertilizantes para os demais estados, pois perdemos competitividade“, avalia ele. Mesmo sem revelar números, Marzolla afirma que as entregas de adubos da Roullier caíram 25% no Rio Grande do Sul e a queda no faturamento chegou a 30%.

O grupo

A força do grupo de culturas conhecido como “os quatro cês” mostra sua importância através dos números levantados pelo Siargs. Entre janeiro e outubro deste ano, o Rio Grande do Sul, estado tradicionalmente produtor de grãos, registrou queda de 29% nas entregas, passando de 2,4 milhões de toneladas, no mesmo período de 2004, para 1,7 milhão de toneladas este ano.

Apesar de Marzolla explicar que parte disso é atribuída à estiagem que atingiu o estado no fim de 2004 e no início deste ano, estados como o Mato Grosso, que não vivenciaram o problema, também registraram recuo expressivo na demanda pelo produto. Os mato-grossenses compraram 18,6% menos adubos nos 10 primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2004, de 3,6 milhões de toneladas para 2,9 milhões.

Por outro lado, Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco registram avanço na demanda por fertilizantes. Vale lembrar que todos esses estados têm ampliado a produção de cana-de-açúcar, café, cítrus, ou investimentos em reflorestamento (celulose). Diante da queda geral, os mineiros registraram o maior crescimento, de 1,9 milhão de toneladas no ano passado, para 2 milhões até outubro deste ano, um avanço de mais de 6%.

São Paulo, maior produtos de cana e cítrus do País, além de grande representatividade no setor cafeeiro, ampliou as compras de 2,39 milhões de toneladas nos 10 primeiros meses de 2004, para 2,47 milhões em igual período deste ano, ou seja, avanço de 3,1%. Já os pernambucanos compraram 3,5% mais adubos, de 151,7 mil toneladas para 157,2 mil este ano.

Cenário

Segundo o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Para Defesa Agrícola (Sindag), José Roberto Da Ros, haverá crescimento do setor no próximo ano. No entanto, o executivo afirma que o otimismo é cauteloso. “Estimamos um crescimento de pelo menos 5% na receita do segmento. Isso porque, apesar de a soja — cultura que representa 50% de nossas vendas — ter apurado uma redução de área, os primeiros indicativos de produção apontam que a produtividade não cairá muito”, afirma ele.

Para o diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher, projeções iniciais indicam que 2006 será um ano bastante semelhante a este para o segmento de fertilizantes. “A indústria não espera retomar os números de 2004. Ainda é cedo para fazer projeções, mas fatores como mudança nos preços das commodities ou valorização do dólar frente ao real podem contribuir para um efeito positivo nos números finais do setor”, avalia Daher. Em 2004, o volume de entregas de fertilizantes foi de 22,8 milhões de toneladas, frente as 19,5 milhões de toneladas previstas para serem entregues em 2005.

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