Cultura do café passará por mudança com novo clima mundial, diz cientista

20 de setembro de 2012 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

A mudança climática é uma ameaça para tudo, de plantações de café às raposas do Ártico, e até mesmo um aumento moderado das  temperaturas mundiais vai ser  prejudicial  para  plantas  e  animais  em  algumas  regiões,  disseram especialistas nesta quarta-feira (19).

Habitats  como  os  recifes  de  coral  ou  a  região  do  Ártico  estão  entre  os mais vulneráveis  ao  aquecimento  global,  afirmaram  cientistas  em  uma  conferência em  Lillehammer,  sul  da  Noruega,  organizado  pela  Global  Biodiversity Information Facility (GBIF). Quase  200  governos  concordaram  em  2010  com  uma  meta  de  limitar  o aquecimento global a menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais, visto como um  limiar para mudanças perigosas,  como  secas,  inundações, desertificação  e elevação dos níveis dos mares.

“Com  2  graus  você  tem  impactos.  A  ideia  de  que  2  graus  é  um  nível  seguro realmente não se sustenta”, disse Jeff Price, coordenador da Iniciativa Wallace, um grupo  internacional que busca modelar os efeitos das mudanças climáticas sobre 50.000 tipos de plantas e animais.

“E  quando  você  começa  a  ir  além  dos  2  graus,  os  impactos  sobre  a biodiversidade começam a aumentar rapidamente em grande parte do mundo”, afirmou  ele. Gases de  efeito  estufa  pela  queima de  combustíveis  fósseis  são  a principal causa do aquecimento, de acordo com um painel científico da ONU.
 
 
Plantio de café passará por transformação devido à mudança climática. Deslocamento para áreas mais elevadas pode impactar animais e outras culturas na Colômbia, por exemplo.


Café “deslocado” e animais sob pressão
 
Price  disse  que  plantações  de  café  da  Colômbia, por  exemplo,  teriam  que  ser deslocadas  para  altitudes mais  elevadas  e  para  encostas mais  sombreadas  ao norte  conforme  as  temperaturas  sobem.  Isso poderia  colocar  o  café  em maior competitividade com os habitats de animais e plantas tropicais raros.


Na Escandinávia,  a  raposa do Ártico  está  entre  os  animais  sob pressão  desde que  a mudança  climática  passou  a  reduzir  a  disponibilidade  de  sua  principal presa,  o  lêmingue.  E  as  raposas  vermelhas,  maiores  do  que  suas  primas  do Ártico, estão migrando para o norte conforme as temperaturas sobem.

Temperaturas mais quentes  também  são uma  ameaça para muitas plantas do norte. O mirtilo do norte, por exemplo, pode ganhar nichos, tais como na costa da Groenlândia, nas próximas décadas, mas perderá áreas muito maiores para o sul. “Não  há muitos  lugares  para  onde  as  plantas  do  norte  possam  se mudar.  O Ártico  é principalmente oceano”, disse  Inger Greve Alsos, da Universidade de Tromsoe,  na  Noruega.  “Esperamos  uma  perda  de  variedade  para  muitas
plantas.”

Adaptação à nova realidade
 
Price,  da Universidade  de  East  Anglia,  na  Inglaterra,  disse  que  um  pico  nas emissões globais de gases de efeito estufa nos próximos anos, o mais tardar em 2030,  ajudaria  a  ganhar  tempo  para  a  ajuda  às  espécies  a  se  adaptarem  à mudança climática.

“No  geral,  você  reduz  pela metade  os  impactos  à  vida  selvagem  se  deixar  as emissões atingirem seu pico nos próximos anos, em comparação às políticas que permitem  que  elas  continuem  subindo”,  explicou  ele. Mas  os  benefícios  não seriam sentidos mundialmente.

Um  pico  antecipado  nos  gases  de  efeito  estufa  daria  o  maior  alívio  para  os animais  em  locais  como  a  bacia do Amazonas,  sul da África,  sul da Austrália, partes da Rússia e da Ásia.

Plantas também se beneficiariam mais nos Andes, sul da África e na Austrália, de acordo com a modelagem da Iniciativa Wallace, nomeada em homenagem ao naturalista  britânico  Alfred  Russel  Wallace,  coautor  com  Charles  Darwin  da teoria da evolução em 1858.

Os governos  têm o objetivo de  chegar a um pacto até 2015 para desacelerar a mudança  climática, com a entrada em vigor até 2020. China, Estados Unidos, Índia e Rússia são os principais emissores nacionais de gases de efeito estufa.

Fonte: G1 

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