Cuba anuncia reforma agrícola

Raúl Castro estipula mudanças com objetivo de aumentar a produção de alimentos

Por: 02/04/2008 07:04:00 - Correio Popular - SP

De Havana


Entrega maciça de terras ociosas, melhores preços para os produtores e descentralização das decisões: esse é o tripé da nova reforma agrícola empreendida por Raúl Castro em Cuba para aumentar a produção de alimentos. As Delegações de Agricultura, que serão constituídas até 10 de abril nos 169 municípios do país, são consideradas as peças-chave no processo de descentralização de decisões. A partir de “um novo conceito”, essas delegações “terão poder para tomar decisões e assumir responsabilidades”, disse o jornal oficial Granma.


Segundo Fidel e Raúl Castro, “os problemas atuais da sociedade cubana requerem respostas mais variada para cada problema concreto que as contidas em um tabuleiro de xadrez”, o que explica a “municipalização” das soluções.


Nos últimos dias, o governo cubano anunciou uma série de mudanças econômicas e sociais, como a liberação do comércio de eletrônicos e celulares.


Dos 3,5 milhões de hectares cultiváveis da ilha, 32,6% pertencem a pequenos proprietários ou a Cooperativas de Produção Agropecuárias (CPA), 42% às Unidades Básicas de Produção Cooperativa (UBPC, cooperativas em terras estatais) e o restante, a empresas estatais.


Contudo, dessa superfície, “51% estão ociosas ou exploradas de forma insuficiente”, segundo fontes oficiais — um grave problema num momento de alta dos preços internacionais dos alimentos, cuja importação custa à ilha US$ 1,5 milhão por ano.


“Já começou a entrega maciça de terras ociosas”, disse à televisão Orlando Lugo Fonte, membro do Conselho de Estado e presidente dos agricultores privados (ANAP), que anunciou aumento dos preços vigentes na compra de produtos que vão de batata e outros tubérculos, a leite, hortaliças, café e coco.


Estímulo


O preço de compra do leite subiu em 150% na moeda nacional e dois centavos de dólar por litro. “Estamos estimulados”, disse o fazendeiro Angel Valdés, de Mariel (50km de Havana). Ouvido sobre a repercussão das novas medidas, Valdés afirma “que está ocorrendo aos poucos, mas já há mudanças”.


As terras ociosas são estatais e muitas vezes cobertas pelo marabu, uma árvore de madeira muito dura que se reproduz com facilidade, criando verdadeiros bosques impenetráveis. Essas terras são entregues para cooperativas, pessoas particulares e algumas UBPC.


O vice-ministro da Agricultura, Alcides López, anunciou que as UBPC “irão receber um crédito específico que lhes permitirá aumentar a capacidade técnica, cumprir normas produtivas mais altas e criar futuras estruturas para a compra dos insumos necessários”.


Além disso, está autorizada a criação de “mecanismos internos de pagamento mais atrativos para especialistas e técnicos, que atualmente emigram para as cidades”, disse. (Da Agência France Press)
 

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