A Administração Municipal do Amboim, província do Cuanza Sul, preconiza para o presente ano o relançamento da produção agrícola para alcançar a segurança alimentar no seio das populações, e gerar rendimentos sustentáveis no seio das famílias.
Fotografia: Eduardo Pedro | Edições Novembro
O facto foi anunciado pelo administrador municipal do Amboim, Francisco Manuel Mateus, durante um encontro que juntou à volta da mesma mesa membros da administração municipal, responsáveis sectoriais, membros das organizações da sociedade civil, igrejas e convidados.
Francisco Mateus apontou os projectos agrícolas da Zâmbia e Nova Hereira, que conta com o financiamento de empresários indianos, como sendo os pólos que vão impulsionar a agricultura
empresarial na região. “A instalação de projectos agrícolas de cariz empresarial nas localidades da Zâmbia, que consiste na produção de hortaliças em grande escala vai criar 40 empregos directos dos 70
previstos, e o da localidade de Nova Hereira com 150 empregos directos, constitui um ganho, quer seja na vertente da tracção de investimentos privados ao sector, mas também na oferta de bens e serviços como para a geração de empregos no seio das populações, principalmente nos jovens”, frisou.
O administrador municipal do Amboim reconheceu que o momento menos bom que atravessa a economia do município, da província e do país em geral condicionou a execução e conclusão de projectos de requalificação da cidade da Gabela, sede do município, de projectos de fomento agrícola, de reparação de vias de acesso, de abastecimento de água potável e outros. Apesar dos constrangimentos anunciados, Francisco Mateus adiantou que a cada ano que passa se vão encontrando caminhos que concorram para se inverter o quadro. “A cada ano que passa a realidade mostra-nos o caminho que temos a seguir, conformando os projectos com as disponibilidades financeiras que vamos obtendo, por isso, estamos a caminhar com segurança”, disse.
Café cresce na região
Francisco Manuel Mateus considerou de satisfatória a cultura do café na região, devido à aprovação do programa de apoio ao sector cafeícola no país, uma alavanca para a diversificação da economia, mas, sobretudo, para reduzir a pobreza no meio rural por ser um produto de alto rendimento. “O momento actual é propício para o relançamento do cultivo do café, uma vez que a vontade política está definida pelo Executivo com a aprovação do programa que concorre para a diversificação da economia”, disse, para acrescentar que a diversificação da economia constitui o grande desafio para a estabilização económica.
Francisco Manuel Mateus garantiu que o sistema de produção do café está montado, faltando somente o apoio financeiro, e mostrou-se optimista quanto aos resultados que podem ser alcançados. “Já há muito advogámos que a produção do café necessitava de um impulso financeiro e com a aprovação deste programa estamos seguros em alcançar os níveis altos de produção.”
A cultura do café, acrescentou, contribui para o equilíbrio ambiental, pelo facto de para além da planta do cafeeiro, necessitar de outras plantas para o amparo do café dos raios solares o que representa um pulmão ao ecossistema.
Estratégia de produção
Quanto á estratégia de produção do café, o administrador municipal do Amboim considerou ser um desafio, lembrando que no passado a produção do café foi suportada pelas companhias como a CADA e Marques e Seixas e com a mão-de-obra resultante do sistema de contrato, mas entende que actualmente se pode dinamizar a produção com a distribuição de parcelas pelas famílias.
“Nós entendemos que, se durante a vigência do sistema colonial eram os contratados que produziam o café, agora podemos inverter o quadro, distribuindo um hectare por cada família e, feitas as contas, se envolvermos um grande número de cafeicultores temos muitos hectares a produzir”, disse.
Para o efeito, está em execução na região um programa que comporta dois segmentos, sendo o primeiro dedicado à multiplicação e fornecimento de mudas e sua distribuição aos produtores para o plantio e o outro destinado à potenciação das cooperativas para a comercialização.
Terras cultiváveis
Francisco Manuel Mateus disse à reportagem do Jornal de Angola que o programa traçado e remetido ao Governo Provincial do Cuanza Sul e estruturas centrais ligadas ao café contempla um conjunto de acções que vão incidir no redimensionamento das terras para as famílias, renovação das plantas, adopção de medidas de financiamento e a formação técnica dos cafeicultores, esta última destinada a propiciar a geração de rendimentos na cultura do café, através da introdução de novas técnicas.
Estado actual no Amboim
O chefe de repartição da Agricultura, Pascoal Miranda, fez saber que a produção do café no município do Amboim envolve quatro mil produtores, agrupados em 103 associações e 13 cooperativas, bem como 65 empresas dedicadas a este ramo, numa área total de quatro mil hectares e adiantou que a meta a alcançar nos tempos vindouros é de 120 mil hectares.
Quanto aos níveis de produção, disse que em 2016 foram produzidas 1.350 toneladas de café comercial, uma cifra que considerou baixa, mas para os próximos tempos assegurou o aumento da produção.
Processo de renovação
Pascoal Miranda anunciou que as novas técnicas do plantio do café são feitas através de fragmentos vegetativos, a partir de selecção de espécies de alto rendimento e disse estarem identificados 37 clones de espécies melhorados. A par de novas técnicas, disse Pascoal Miranda, pretende-se produzir um milhão de mudas para a renovação das plantas, melhoramento da assistência às plantas do cafeeiro e formação dos cafeicultores, sobre novas técnicas de cultivo do café.
O responsável de repartição da Agricultura do município do Amboim considerou que os preços actuais do café comercial praticados no mercado estão cotados entre 100 a 120 kwanzas, e podem atingir níveis consideráveis devido ao valor comercial do café robusta. Outro motivo que encoraja a produção do café da variedade robusta, disse Pascoal Miranda, é o facto de o produto ter maior cotação no mercado mundial, com realce para o Dubai, onde é aplicado para a produção de cosméticos.
Projectos sociais
O administrador municipal do Amboim Francisco Manuel Mateus disse que, devido à retracção económica e financeira que o país vive, foram transitados para o corrente ano os projectos do exercício económico transacto com realce para o saneamento básico do meio para o melhoramento da vida das populações.
Entre as acções mais importantes nesta vertente, Francisco Mateus destacou a recolha e tratamento de lixo, a manutenção de espaços verdes, a massificação de actividades culturais e desportivas.
Outra conquista assinalada pelo administrador municipal do Amboim prende-se com a classificação dos hospitais regional do Amboim e municipal da Boa Entrada, que permite a definição do quadro orgânico e respectiva colocação dos recursos humanos à altura das necessidades.
Com uma superfície de 1.027 quilómetros quadrados, o município do Amboim conta com uma população estimada em 242.444 habitantes e a divisão administrativa corresponde a duas comunas, a sede e a do Assango, com três áreas administrativas, Salinas, Honga e Boa Entrada (antiga CADA).