24/06/2009 – O presidente da Comissão de Café, Breno Mesquita, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que não está de acordo com a informação de que a crise na cafeicultura é localizada, restrita ao sul de Minas, “por mais que o governo insista em dizer o contrário”.
Mesquita citou que o custo de produção da saca de 60 kg de café no Paraná é de cerca de R$ 307, enquanto o produto é vendido no mercado a R$ 230/R$ 240 a saca. “Os custos de produção estão mais altos do que o preço recebido pelo produtor em qualquer região produtora, e não apenas no sul de Minas”, disse. “A situação é grave, e generalizada”, acrescentou ele, que participou ontem à tarde de audiência pública para discutir a crise do setor, reunindo as Comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e a de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, em Brasília.
O presidente da Comissão de Café da CNA comentou que a audiência pública é uma ótima oportunidade “para que o governo reflita sobre a necessidade de políticas que possam tirar o setor do abismo em que se encontra”. “Não dá mais para se contentar com medidas paliativas”, informou. Segundo ele, redução da taxa de juros nos financiamentos não é solução.
Breno Mesquita garantiu que a cafeicultura é viável no Brasil. “Temos uma das maiores produtividades do mundo”. “São cerca de 8 milhões de pessoas que vivem direta ou indiretamente da atividade e queremos tratamento justo”, reclamou. Segundo ele, a estrutura fundiária da cafeicultura é composta essencialmente de micros, pequenos e médios produtores, “que representam cerca de 90% do total”, disse. Por isso, na avaliação de Mesquita, a cafeicultura é uma “lavoura social”, que precisa ser reconhecida como “grande geradora de mão-de-obra”.
Mesquita ressaltou que a sala em que a audiência pública foi realizada esteve lotada de produtores o tempo todo, com muita gente de fora. Cafeicultores percorreram longas distâncias, trazendo cartazes e camisetas estampadas com dizeres de protesto. “Queremos sensibilizar o governo sobre como são verdadeiras as pretensões do setor”, referindo-se à participação na audiência do secretário executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles, e do secretário adjunto de Microfinanças e Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt.
De acordo com Mesquita, o passivo da cafeicultura, estimado em cerca de R$ 4,2 bilhões, precisa ser equacionado. “Temos de ter também uma política permanente de renda”, comentou. Segundo ele, “os mecanismos existem, sabemos como fazer e precisamos colocá-los em prática”, concluiu.