Data Publicação: 03/06/06
NO DIA 25 de maio, o governo anunciou o terceiro pacote de medidas de socorro à agricultura num espaço de menos de dois meses.
O pacote se compôs de medidas de impacto mais imediato -como renegociações de dívidas e aumento de recursos para financiar o setor- e de medidas estruturais, como uma reformulação do seguro rural; a criação de um fundo a ser mobilizado em momentos de crise do setor; mais recursos para a garantia de preços e reforço nos mecanismos de proteção dos produtores a oscilações de preços. Estima-se que o impacto dos sucessivos pacotes sobre o Tesouro Nacional chegue a R$ 15 bilhões em cinco anos.
Embora tenham sido recebidas com alívio pelos produtores rurais, as novas medidas não foram suficientes para aplacar de modo duradouro seus reclamos. Tanto que, anteontem, o ministro da Fazenda, pressionado num evento com ruralistas, admitiu a possibilidade de que sejam ampliadas as iniciativas de amparo ao campo.
Os diagnósticos da nova crise no campo brasileiro são unânimes em apontar a grande apreciação cambial como um fator central para a perda de rentabilidade e a descapitalização do setor. Dado o peso dessa influência adversa, não surpreende que o setor receba as iniciativas recentes do governo como meros paliativos. Não se pode alegar que uma crise rural induzida por forte apreciação da moeda seja um fenômeno novo. Basta constatar que a recente renegociação inclui dívidas que vêm sendo prorrogadas desde 1995, período em que outra rodada de forte valorização da moeda lançou o campo em graves dificuldades.
A transferência, mais uma vez, de parte das perdas do campo ao conjunto da sociedade poderia ter sido evitada ou amenizada caso as autoridades tivessem gerido o câmbio de modo menos temerário. Que sirva de lição