Crise e queda-de-braço com agricultor evita alta dos fretes

Por: DCI

SÃO PAULO – Responsável por mais de 60% da matriz logística do País, modal rodoviário de cargas não vê a possibilidade de elevar o preço dos fretes, mesmo com a safra recorde que está por vir. O preço das tarifas de transporte vinham defasados desde o ano passado, e agora com a retração de demanda e queda de braço, com os produtores rurais, que desejam tarifas mais baixas, a expectativa do setor e pelo menos manter as tarifas praticadas em 200


Levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística) sobre os fretes cobrados no último ano apontou na carga fracionada um índice defasagem de 15%, o menor deles; no de grandes massas (entre agrícolas, insumos e outros), a média permanecia em 20%, sendo que maior perda estava na movimentação de contêineres na estradas, beirando a casa dos 30%. “O setor tem trabalhado abaixo do limite de custo, mas alguns conseguiram recuperar perdas, quando, ano passado, a demanda era maior que a oferta de transporte”, analisou Flávio Benatti, presidente da NTC.


O especialista disse que a tendência é demanda cair por conta da retração e a necessidade de transporte seguir o cenário como consequência, refletindo-se na condição do frete, mas a NTC afirma não ter registro de transportadores que tenham baixado os preços, e que o setor quer ao menos manter os patamares atuais.


Benatti explicou ainda que as empresas de logística que operam para as exportações estariam sentindo muito mais. “Um caminhão que vai cheio com destino a um porto, com a possibilidade de voltar vazio, pode aí abrir um precedente para uma negociação de preço, para que sejam minimizados prejuízos”, disse.


Contratante


O operador logístico McLane do Brasil, do grupo norte-americano Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, mantém por aqui um cadastro de 500 transportadoras cujos serviços pode utilizar. Mais de 85% das operações idealizadas pela empresa estão voltadas ao modal rodoviário.


“Nesse cenário o primeiro elo que o cliente começa a apertar são os transportadores que estão sofrendo uma pressão enorme pela redução”, analisou, ao DCI, Ozoni Argenton Junior, diretor de Operações da McLane.


Por outro lado, Argenton coloca que o rodoviário ainda consegue ser o mais competitivo entre os outros modais e, mesmo com o desaquecimento, o executivo aposta na estabilização dos fretes. O diretor disse que hoje o transporte de um caminhão com produto seco de São Paulo a Salvador custa em média R$ 10 mil, sendo até 35% maior o valor para carga refrigerada.


Apesar do cenário, a McLane está otimista em relação aos negócios e planeja crescer 80% até 2010. No ano passado ela afirma ter investido mais de R$ 50 milhões em novos empreendimentos logísticos, com a aquisição de uma unidade no Rio de Janeiro e a expansão do Centro de Distribuição em Canoas, no Rio Grande do Sul. O diretor de Operações da McLane falou que em 2008 foram conquistadas novas operações, o que elevou em 20% o faturamento da empresa, na comparação com 2007.


A integradora logística atua em todo o território nacional, baseada em cinco centros de distribuição situados entre São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para atender a clientes como Hersheys, Natura, Panasonic, Perdigão, Pioneer, Procter & Gamble e Unilever, entre outros.


Crise


Os autônomos, outra ponta da cadeia logística rodoviária, responsável por uma frota de mais de 970 mil veículos, estão apreensivos e reclamam da falta de trabalho. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) divulgou que cerca de 800 caminhões estão parados no Terminal Fernão Dias, em São Paulo, quando a média normal seria de 500 caminhões sem frete. Segundo a Abcam, a falta de demanda se reflete no preço: hoje, uma viagem de um autônomo do Sudeste ao Nordeste (três mil km) custa R$ 4,2 mil, ante R$ 6 mil em 2007.


Fabíola Binas


 

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