Outra vantagem da região é o relevo plano, que facilita a mecanização e minimiza um dos maiores gargalos do cultivo: a falta de mão de obra. A colheita em clima seco é mais um ponto importante.
“Hoje o maior produtor de café do Brasil é de Luís Eduardo Magalhães, no Cerrado bahiano, e quem diria que a gente ia viver para ver isso”, afirma Denilson Fantin, técnico do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Para ele, ao mesmo tempo que surpreende, a constatação é uma tendência. Irrigada por pivô, a lavoura cafeeira encontrou um ambiente favorável para se desenvolver, mesmo em meio ao forte calor e o tempo seco. “Garantida a disponibilidade de água, foi possível”, justifica.
Outra vantagem da região é o relevo plano, que facilita a mecanização e minimiza um dos maiores gargalos do cultivo: a falta de mão de obra. A colheita em clima seco é mais um ponto importante. “O café precisa de um período de 70 dias de seca para amadurecer as gemas e soltar a florada”, diz Fantin, lembrando que disso depende a qualidade do grão. Ele compara o que acontece na tradicional zona produtora do norte do Paraná com as condições encontradas no Cerrado: “No Paraná, chuvas no meio do inverno fazem com que você tenha 11 floradas, 13 floradas e aí algumas gemas amadurecem e outras não. Por isso, o café sai desigual.
No Cerrado, o camarada planeja a data da florada, liga o pivô e deixa correr bastante água para amadurecer a gema e para depois de uma semana e deixa a flor abrir”, explica. O resultado é um café de maturação uniforme, com 90% dos grãos em ponto de colheita. No Paraná, por conta da chuva, o número fica em 70%, e a colheita acontece com 30% dos grãos ainda verdes.
Embora a produção no Cerrado venha aumentando, Fantin lembra que o processo ainda não acontece em proporção que supra a queda no Sul de Minas, Paraná e em São Paulo. “Por conta de falta de mão de obra e da questão da sucessão familiar – muitos filhos de produtores não querem continuar com a atividade – estamos sofrendo com uma diminuição de área”, afirma o técnico.
Na última Expocafé, que acontece em Minas Gerais, ele ouviu relatos de produtores que estavam optando por arrancar as plantas onde não havia possibilidade de entrar com máquinas, já que o relevo é montanhoso. A situação crítica é comum ao Paraná. “No Estado tínhamos 100 mil hectares de área plantada. Depois da geada de 2013, e por conta da sucessão familiar, isso baixou para 55 mil”, completa. Para caminhar no sentido contrário à redução do cultivo, Fantin acredita que o país precisa investir no marketing do produto e formas de agregar valor à saca.
Confira no vídeo o lançamento de uma variedade de café que vai bem no Cerrado.
Fonte: Portal DBO