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Data Publicação: 14/08/15
A expectativa do banco é crescer essas duas carteiras no curto prazo, aproveitando os efeitos do câmbio favorável; no longo prazo, a ideia da instituição é investir nos projetos de infraestrutura
São Paulo – O Banco do Brasil planeja expandir o financiamento à exportação e ao agronegócio no curto prazo, aproveitando o aumento da demanda por essas linhas de crédito, afirmou ontem o presidente da instituição financeira, Alexandre Corrêa Abreu.
Impulsionadas principalmente pelo câmbio favorável – o dólar fechou ontem a R$ 3,51 -, essas duas modalidades de empréstimos foram classificadas pelo executivo como “oportunidades” no âmbito da crise econômica.
“Existem, em meios a situações [econômicas] complexas como essas, oportunidades, sejam de negócios, sejam em atuações que ajudem o País a passar mais rápido pelo processo [de recuperação do crescimento]”, avaliou Abreu.
A carteira de crédito ao agronegócio do banco, uma das áreas em que a instituição financeira possui maior experiência, cresceu 7,5% no segundo trimestre, na variação interanual, para R$ 167,2 bilhões, puxada pelos empréstimos a agricultores familiares, que avançaram 9,8% para R$ 119,6 bilhões.
Segundo Abreu, a expansão dos financiamentos ao setor deve ser ainda maior no segundo semestre, quando será lançado o Plano Safra.
“Com o câmbio, a equação [para o agronegócio] está funcionando muito bem e nós temos técnica, capacidade e funcionários com experiência para trabalhar forte com o setor, cujo risco é menor e cuja importância para o País é grande”, afirmou.
Outra frente visada pelo banco, a carteira de comércio exterior, registrou avanço de 15,5% na variação anual, para R$ 18,6 bilhões. A alta veio ancorada principalmente nas linhas de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e Cambiais Entregues (ACE), duas linhas voltadas à exportação, que cresceram 22,4%, para R$ 15,2 bilhões – segundo o banco, o BB detém 27,6% do mercado nessas modalidades de empréstimos.
“Com o câmbio mais favorável, muitas empresas que não exportavam voltaram a exportar”, explicou Abreu. De acordo com ele, cerca de 500 empresas que “haviam deixado de exportar” voltaram a procurar crédito para comércio exterior na instituição financeira.
O executivo apontou ainda que, com a rede de agências internacionais do BB, o banco pode fazer a ponte entre o exportador brasileiro e o importador estrangeiro.
Segundo Abreu, entretanto, não faz parte da estratégia do banco aumentar participação de mercado, “a não ser que isso venha naturalmente”.
No médio e longo prazo, o presidente do BB afirmou que o foco serão os projetos de infraestrutura. “Esse setor vai crescer bastante, vemos espaço para alavancar bastante os negócios nessa área”, disse.
Os créditos para investimentos cresceram 11,3% no trimestre, encerrando junho com um estoque de R$ 66,9 bilhões. Na análise de resultados, o banco apontou a infraestrutura de transporte como um dos principais setores financiados.
Resultados
O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado – que exclui ganhos e perdas pontuais do período – de R$ 3,04 bilhões, alta de 1,3% na variação anual. O lucro contábil foi de R$ 3 bilhões, menor em 48,2% em relação ao primeiro trimestre, quando houve um acréscimo de R$ 3,21 bilhões no resultado por conta da parceria entre o setor de cartões do BB e a credenciadora Cielo.
O lucro foi puxado principalmente pelo aumento da margem financeira (receita com juros cobrados nos empréstimos), que cresceu 10,8% na comparação interanual, para R$ 13,7 bilhões.
O desempenho, entretanto, foi prejudicado pelo aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD), colchão usado para cobrir calotes nas operações de crédito. Os recursos direcionados para o provisionamento no trimestre cresceram 21% na variação anual, para R$ 5,53 bilhões.
Segundo Abreu, as provisões cresceram mais por conta do risco do que da inadimplência apurada – se o banco acha que determinado cliente vai dar calote no futuro, ele já pode começar a provisionar com antecedência. “A provisão subiu, porque usamos critérios bastante realistas, técnicos.”
A inadimplência da instituição financeira ficou relativamente estável, passando de 1,9% em junho de 2014, para 2,0% na metade de 2015.
Empréstimos
A carteira de empréstimos ampliada do BB, que inclui inclusive os créditos concedidos por meio de títulos de dívidas privados, aumentou 8% na variação anual – a meta de crescimento para o ano, de 7% a 11% foi mantida.
O avanço da carteira de crédito veio ancorado principalmente nos financiamentos imobiliários, que evoluíram 39,5% na variação anual, para R$ 32,8 bilhões, e no cartão de crédito, que avançou 11,8%, para R$ 22 bilhões.
No caso de pessoas jurídicas, o crédito foi direcionado principalmente para o governo (federal, estadual e municipal), cuja carteira teve alta de 51,7%, para R$ 32,5 bilhões. De acordo com Abreu, o crescimento foi reflexo, principalmente, de operações que haviam sido contratadas. “São, basicamente, operações para investimentos”, afirmou.
A carteira de micro e pequenas empresas teve nova queda, de 3,3% para R$ 97,8 bilhões.
Pedro Garcia