Corda de viola avança nos cafezais Por José Braz Matiello
Dedilhada acompanha poemas, semeada causa problemas. O que é? É a corda de viola, nome das cordas do instrumento e também como é chamada a erva trepadeira que está, dia a dia, sendo mais problemática nas lavouras de café.
Por José Braz Matiello – engenheiro agrônomo da Fundação Procafé e Por Felipe Santinato – engenheiro agrônomo Santinato e Santinato Cafés
Dedilhada acompanha poemas, semeada causa problemas. O que é? É a corda de viola, nome das cordas do instrumento e também como é chamada a erva trepadeira que está, dia a dia, sendo mais problemática nas lavouras de café.
Cafeeiro completamente coberto pela corda de viola
A erva corda de viola (Ipomoea sp) sobe nas plantas de café, onde causa duplo prejuízo. Ela cresce competindo em água e nutrientes, como as demais, e, ainda, compete em luz, pois sua copa se desenvolve sobre o cafeeiro e chega a encobrir toda a planta, tirando-lhe a luz e, consequentemente, reduzindo sua fotossíntese. Ela prejudica, também, por atrapalhar as pulverizações na folhagem e os trabalhos de colheita, especialmente no trabalho do maquinário.
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Quatro espécies de ervas corda de viola, encontradas comumente em cafezais, com suas belas e coloridas flores
Nos últimos anos a infestação de corda de viola cresceu muito pelas seguintes razões:
a) A prática de controle do mato por herbicidas, em área total, deixa de fazer o arranquio das ervas que crescem mais junto da linha de cafeeiros, como era normal na capina a enxada. No mesmo sentido, o uso de produtos herbicidas mais específicos para gramíneas, não controla bem a erva, ainda mais por muitas nascerem debaixo da saia do cafeeiro, onde a aplicação é dificultada. b) A erva, subindo na planta, precisaria de herbicida seletivo para seu controle, sem afetar a planta de café, que no momento ainda é indisponível. c) O uso de colhedoras mecanizadas, sejam aquelas que colhem as plantas, sejam as que recolhem o café do chão, ajuda na disseminação das sementes. Quando a colhedora passa estraçalha a corda de viola, as sementes se depositam nos cantos da colhedora, reservatório, esteira e etc. Então são levadas para outros pontos da lavoura. O recolhimento do café do chão volta a distribuir as sementes e a “volta do cisco”, para debaixo da copa dos cafeeiros, também favorece a disseminação da erva.
Aspecto dos frutos e sementes da erva/ Foto: Procafé
Quanto ao controle da corda de viola, a melhor estratégia é o controle antecipado, no início das águas, quando as ervas tem tamanho pequeno e ainda não subiram nas plantas de café. Para isso, aplicar herbicida adequado, podendo ser uma aplicação sequencial (3 semanas após a primeira) de glifosato ou usar, com cuidados, herbicida a base de 2,4-D . Herbicidas novos como o Flumizin, Aurora, Ally e outros à base de Clorimuron, vêm dando, também, bons resultados, podendo ser associados, de acordo com a necessidade, ao Glifosato.
Depois de arrancadas pela raiz, as plantas de corda de viola devem ser deixadas secar sobre os cafeeiros / Foto: Procafé
As ervas, especialmente as que se desenvolvem entre as plantas de café ao escaparem do controle, quando ainda jovens, devem ser controladas através de repasses manuais, arrancando o mais cedo possível as ervas que subiram nos cafeeiros, evitando que produzam sementes. Com ervas já cobrindo os cafeeiros, usar apenas o arranquio, sem tirar as ervas, pois como já se encontram sombreando as folhas de café estas poderão ser queimadas pelo sol, além de na retirada poder derrubar frutos de café dos ramos.
A adaptação de hastes laterais, em roçadeiras e de bicos que joguem herbicida mais debaixo da saia do cafeeiro, reduz o trabalho do repasse manual.