Cooxupé mantém previsão de embarques de café em 6,8 milhões de sacas em 2024, sendo 5,5 milhões de sacas na exportação e o restante no mercado interno
SANTOS (Reuters) – A condição das lavouras de café da região da Cooxupé indica a possibilidade de aumento da safra no ano que vem em relação a 2024, que por sua vez deverá ter ligeiro crescimento ante 2023 apesar de grãos miúdos recém-colhidos, disse nesta quarta-feira (22), o presidente da maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, durante seminário internacional em Santos (SP).
“As lavouras estão ficando em estágio muito bonito, para 2025, se o tempo colaborar, deverá ter uma safra boa, muito boa. Em 2024, a safra é parecida com 2023, um pouquinho maior. Mas, se correr tudo bem, a safra do ano que vem pode ser maior do que em 2024, as lavouras estão com muito vigor…”, afirmou ele, à Reuters.
Melo também afirmou que está ocorrendo expansão de área plantada, mas não detalhou os números. A produção em 2025 dependeria também de boas condições climáticas.
Mas o cenário é favorável para investimentos nos cafezais, acrescentou o presidente da Cooxupé, que atua principalmente no Sul de Minas Gerais, Cerrado e parte de São Paulo.
“Para o café, a relação custo/benefício ficou positiva, café acima de 1000 reais a saca, os nossos custos reduziram, a margem está boa”, afirmou ele, que está à frente da cooperativa que é a maior exportadora de café do Brasil.
O presidente da Cooxupé acrescentou que a cooperativa mantém a expectativa de aumento de 7,7% nos recebimentos de café em 2024 ante 2023, para 7 milhões de sacas de 60 kg –os cooperados devem responder pela maior parte dos volumes, com expectativa de 5,6 milhões de sacas em 2024, enquanto o restante será originado de produtores não cooperados.
Melo disse também que a Cooxupé mantém previsão de embarques de café em 6,8 milhões de sacas em 2024, sendo 5,5 milhões de sacas na exportação e o restante no mercado interno. Esses volumes representam um salto ante o total de 4,5 milhões de sacas (exportação/mercado interno) no ano passado, na medida em que o Brasil tem avançado no mercado global, em meio a safras menores em outros países e preços favoráveis.
2024, GRÃOS MIÚDOS
Para 2024, a colheita de café arábica do Brasil está começando. E, assim como no caso dos canéforas (robusta e conilon), o mercado tem relatado grãos mais miúdos no início dos trabalhos, com o tempo quente e seco sendo citado como causa.
Mas, de acordo com participantes do seminário, ainda é um pouco cedo para dizer se essa tendência de “peneiras miúdas” vai se confirmar ao longo de toda a safra.
“Nas regiões mais quentes, os grãos ficam menores, mas em regiões de clima mais ameno, como sul de Minas, a gente acaba trazendo peneiras mais altas, qualidade melhor e prêmio maior”, destacou.
Para o diretor comercial da Eisa, um dos cinco maiores exportadores de café do Brasil, Carlos Alberto Santana, ainda assim o Brasil vai colher uma “boa safra”.
“Vai ser boa, tanto no arábica como no conilon. A safra está entrando agora, com algumas características interessantes, o produtor está iniciando a colheita de forma bem tranquila, talvez mandando mensagem para o mercado de que a necessidade de caixa dele não é muito grande, ele de fato está colhendo de acordo com a recomendação agronômica, esperando o grão ficar pronto para ser colhido”, afirmou.
Santana também notou o tamanho do grão colhido “ligeiramente menor” do que o considerado normal. “Mas está só no início a colheita, tem que aguardar, normalmente os primeiros lotes têm percentual de grãos menores, por isso ainda não dá para afirmar que é algo que vai acontecer durante a safra”, disse.
Segundo Santana, “talvez o impacto maior (dos grãos mais miúdos) seja no prêmio para cafés com grão maiores, em detrimento dos menores”. Os maiores são mais valorizados.
“No momento não vemos impacto (dos grãos miúdos) no volume da safra, mas é uma safra que é de alta tanto no arábica como no conilon, acreditamos que seja uma safra ligeiramente maior do que a anterior”, afirmou, concordando com o presidente da Cooxupé.
Eduardo Carvalhaes, da tradicional corretora de mesmo nome de Santos, disse que tem tido informações sobre grãos menores recém-colhidos. Segundo ele, a média das peneiras mais altas (grãos mais graúdos) está 10% abaixo do normal.
“Os primeiros grãos estão miúdos, mas ainda não dá pra dizer que vai ser o padrão da safra”, declarou.
Ele disse acreditar que isso vai melhorar, na medida em que os grãos colhidos mais tarde são geralmente maiores. Mas pondera que a média da safra deve ficar menor.
TOTAL COLHIDO
Os cooperados da Cooxupé, que trabalha apenas com café arábica, respondendo por mais de 15% da safra nacional desse tipo de grão, colheram em média apenas cerca de 5% do esperado para 2024, disse Melo.
A colheita está um pouco adiantada em algumas regiões com atuação da cooperativa, mas na importante área do Cerrado Mineiro “está bastante atrasada ainda, não chega a 1% colhido”, disse.
No Sul de Minas, maior região produtora do Brasil, a colheita já avançou para algo entre 7% e 8% colhido, enquanto em São Paulo o índice de colheita está “no meio” de Cerrado e Sul de Minas.
A mais adiantada é a região das Matas de Minas, com cerca de 8% da colheita feita, disse o presidente da Cooxupé, adiantando números ainda não divulgados.
“Antecipou por conta do clima, por conta das temperaturas elevadas”, disse ele.
(Por Roberto Samora)
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