Vinte e cinco presidentes de Sindicatos Rurais, representando as regiões do sul de Minas, Alto Paranaíba (cerrado mineiro) e Vale do Rio Pardo, no Estado de São Paulo, definem em reunião agendada pela Cooxupé que os recursos para resolver o endividamento do setor cafeeiro devem, preferencialmente, partir do Tesouro Nacional
A Cooxupé exerceu a Democracia ao organizar encontro entre o deputado federal Silas Brasileiro (PMDB), o consultor técnico da Comissão de Agricultura em Brasília, Nelson Fraga, presidentes de Sindicatos Rurais e presidentes de Cooperativas de Crédito Rural do sul de Minas Gerais. A reunião, realizada ontem em Guaxupé, contou também com a presença da Diretoria Executiva da Cooxupé, membros dos conselhos de Administração e Fiscal, gerentes, comercializadores e cooperados.
O presidente Carlos Paulino deu início às explanações, destacando que a Cooxupé tem exercido uma política pró-ativa e defende a opinião de que os recursos oriundos do Funcafé – Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – garantido ao longo dos anos pelos cafeicultores, não devem ser totalmente utilizados para saldar as dívidas do setor cafeeiro. Dados apresentados pelo consultor Nelson Fraga lembrou, aos presentes, que a questão do endividamento está em pauta desde 1994: “em 1995, o valor de R$ 320 milhões foi securitizado pelo governo federal; em 2001, voltou-se a renegociar os débitos, que chegaram na ocasião em R$ 1,3 bilhão e em 2009 vemos esta dívida atingir R$ 4,5 bilhões”. Na opinião do consultor, acatada pela maioria, o setor cafeeiro preocupou-se em tratar da renegociação das dívidas e não firmou uma política voltada a garantir a renda do produtor.
O deputado federal Silas Brasileiros (PMDB), cafeicultor e cooperado da Cooxupé, lembrou as dificuldades enfrentadas pelo produtor, que há anos não consegue se capitalizar em função do aumento de preço dos insumos, a valorização do real frente ao dólar, o desequilíbrio entre volume de produção e consumo, entre outros fatores. Ele, que já foi secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), acha fundamental a união de forças para se chegar a um consenso: “se focarmos e apresentarmos as nossas reais necessidades, o governo federal será mais uma vez nosso parceiro”. O cafeicultor Renato Lima de Souza complementou: “o governo tem que ser justo e cabe a nós, produtores, sermos eficientes”.
Para o presidente da Cooperativa de Crédito de Carmo do Rio Claro, Rodrigo Reis de Azevedo, os recursos do Funcafé são fundamentais para que as cooperativas de crédito possam oferecer opções de financiamentos ao produtor. Jerônimo Giacchetta, que é presidente do Sindicato Rural de Cabo Verde, concorda: “as dívidas devem ser renegociadas com recursos do Tesouro Nacional”. Ele defende a opinião de que os cafeicultores devem passar a questão do endividamento a limpo e depois apresentar uma única proposta ao governo, visando a garantia de renda: “o que falta ao nosso setor é alinhamento de visão”.
Após uma série de explanações, foi dado o pontapé inicial para que a classe produtiva busque mecanismos para geração de renda e assim se fortaleça. “A maioria chegou ao consenso de que os recursos do Funcafé não podem se exaurir no pagamento do endividamento do setor cafeeiro”, destacou o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino, ao final da reunião. Segundo ele, o foco deve ser mantido no sentido de se planejar ações, buscar equilíbrio entre oferta e demanda para que a lei de mercado favoreça o setor e permita que o cafeicultor se capitalize: “queremos é criar condições para honrarmos nossos compromissos”, ressaltou. Novos encontros serão agendados com esta finalidade.