Bienalidade negativa e seca vão afetar a produção
O período de bienalidade negativa da cultura do café e a seca registrada nas principais regiões produtoras do grão irão interferir na próxima safra de café dos associados da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas. Os dados apurados pela cooperativa apontam para safra 25,1% inferior à colhida anteriormente.
Segundo o superintendente de Desenvolvimento dos Cooperados da Cooxupé, José Eduardo Santos Júnior, a queda na produção já era esperada, mas foi agravada pela seca prolongada. “A bienalidade é uma característica fisiológica da planta de café, que alterna safras maiores com menores. Outro fator que pode ter contribuído para essa redução de safra foram os períodos de seca que no decorrer do ano atingiram as áreas produtivas”, avalia.
O levantamento é oriundo de uma pesquisa promovida pela equipe técnica da cooperativa, composta por engenheiros agrônomos e técnicos que realizaram durante o ano entrevistas, visitas em propriedades e avaliação de campo logo após a florada e na fase em que o café se encontra na forma de chumbinho, geralmente nos meses de outubro e novembro.
De acordo com os dados, na safra 2012, na área de ação da Cooxupé foram produzidas 9,684 milhões de sacas do grão. Para o próximo ano, a primeira estimativa de produção é de 7,254 milhões de sacas, o que representa uma quebra de 25,1%.
Ainda segundo dados do levantamento, o percentual de queda varia nas regiões de atuação. Em São Paulo é esperada um redução de 26,1%, no Sul de Minas a queda deverá ficar em torno de 25,9% e na área do Cerrado mineiro o recuo pode alcançar 23,7%.
Planejamento – Segundo Santos Júnior, o trabalho de pesquisa realizado pela equipe técnica da cooperativa é de suma importância para as descobertas e planejamento para as próximas safras. “Ao se ter uma previsão dos números, tanto a Cooxupé quanto os cafeicultores têm condições de se programarem com relação às suas produções”, diz.
Em relação aos preços, a saca de 60 quilos do produto é comercializada atualmente em torno de R$ 350, valor considerado insuficiente para cobrir os custos de produção, principalmente em relação ao café produzido nas montanhas. Nessa região, os gastos são mais elevados devido à maior necessidade do uso de mão de obra, já que a mecanização é impedida pelo relevo. A retomada dos valores depende principalmente da recuperação da economia europeia e norte-americana.
Com a redução dos preços uma das principais conseqüências é a redução dos investimentos nos cafezais. De acordo com Santos Júnior, existe a possibilidade de os cafeicultores optarem pela redução dos tratos, o que não é aconselhado por afetar a produtividade do cafezal.
“A tendência natural é que o produtor pense em diminuir o nível de investimento, reduzindo as adubações e tratos fitossanitários. Porém esse não é um bom caminho a seguir, pois a lavoura de café precisa estar preparada para proporcionar maior produtividade e, conseqüentemente, maior produção na safra de 2014”, ressalta.
Para ele, o que é preciso fazer é apurar as reais necessidades e aplicar as quantidades corretas de fertilizantes e defensivos, evitando desperdícios. “Isso é possível realizando sempre as análises de solo e de folhas do café, permitindo ao agrônomo ou técnico que acompanha essa lavoura, uma recomendação correta, sem sobras ou falta”, observa.
Outros pontos que podem contribuir para a redução dos custos e aumento da produtividade é a redução da mão de obra através da mecanização, principalmente na colheita do café.
“ lógico que o nível de mecanização depende de vários fatores, entre eles a declividade da lavoura e o tamanho das propriedades. Mas existem máquinas para todo tipo de situação e que auxiliam bastante na redução dos custos. Outra boa opção de economia para os produtores é a entrega de seu café a granel. Esse processo diminui bastante o custo de mão de obra na propriedade, eliminando inclusive o custo com sacarias”, enfatiza.
Diário do Comércio – MG