A Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, vai criar uma trading para exportar o grão de seus próprios associados e também de terceiros. Segunda maior exportadora de café do país, a cooperativa decidiu ainda sair do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) por se desentender com a entidade sobre o uso dos recursos do programa governamental de subvenção ao café (Pepro).
A criação dessa nova empresa exportadora foi aprovada em assembléia geral entre os associados da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), de Minas Gerais, no dia 6 de agosto. Procurada, a Cooxupé confirmou a informação, mas não deu mais detalhes.
O Valor apurou que a criação de uma trading traz vantagens fiscais à cooperativa. Com essa empresa, a Cooxupé terá direito aos créditos de PIS/Cofins na exportação, benefício que ainda não é permitido às cooperativas. Um projeto de lei tramita no Congresso para que as cooperativas também sejam favorecidas.
Nessa primeira etapa, a Cooxupé terá 100% do capital da nova empresa. Em dois anos, a intenção da cooperativa é transformar essa trading em uma sociedade anônima, conforme apurou o Valor. Isso, facilitará a ida dessa nova empresa ao mercado, se as condições estiverem favoráveis, para futuras captações de recursos.
Vice-líder nas exportações brasileiras de café nas duas últimas safras, a Cooxupé embarcou no ciclo 2007/08 quase 1,5 milhão de sacas de 60 quilos. Em 2005/06, a cooperativa ocupava a quarta colocação. Desde 1999, a cooperativa superou a marca de 1 milhão de sacas exportadas.
Atualmente, a Cooxupé conta com cerca de 12 mil cafeicultores associados e movimenta 5 milhões de sacas por safra.
O Brasil deve exportar na safra 2008/09, iniciada em julho, cerca de 28,5 milhões de sacas, segundo estimativas do Cecafé.
A decisão da Cooxupé de sair do Cecafé foi tomada em julho passado. A cooperativa também não comenta o assunto.
Desde o ano passado, o Cecafé questiona a destinação dos recursos do Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) aos cafeicultores. Em junho de 2007, a entidade pediu para o Tribunal de Contas da União (TCU) investigar a destinação desses recursos por discordar dos editais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que teria criado regras beneficiando as cooperativas, e destinando poucos recursos para os produtores independentes, de acordo com o Cecafé. O caso deverá ser julgado nos próximos meses.