Para o presidente da Cooparaiso, Carlos Melles, “todos têm o conhecimento do nome e sobrenome dessa irresponsabilidade: governo federal” Representantes da Cooxupé e da Cooparaiso repercutiram a notícia divulgada pela Organização Internacional do Café (OIC), dizendo que há aspectos positivos e negativos sobre a alta de preços do café no mercado mundial.
OIC disse que um “indicador de preços composto pelas médias das cotações do café brasileiro, colombiano, robusta, outros suaves e também de Nova York – encerrou o mês de janeiro no patamar mais elevado em 17 anos e dentro de uma perspectiva que projeta novas altas”.
Para o gerente de mercado futuro da Cooxupé, Heberson Vilas Boas Sastre, “se o governo brasileiro tivesse feito estoques regulatórios, essa situação que vemos agora, teria acontecido cerca de um ano meio atrás e talvez não tivesse agravado a situação do produtor. Acredito que a situação teria se adiantado. O que é necessário agora é que o produtor participe mais do mercado, vá construindo uma média, para poder usufruir disso e para garantir maior rentabilidade”, disse.
Já para o gerente da Cooparaiso, Marllon Petrus, o governo brasileiro falhou em não fazer o estoque regulatório e também em não promover políticas efetivas para o café. “A meu ver o governo deveria ter organizado políticas mais focadas para o café, pois vimos muitos produtores abandonarem a atividade durante a grave crise que se passou e com isso foram abandonados também empregos e maior prosperidade para os municípios que produzem café.
Heberson, da Cooxupé, explicou que esse fato aconteceu influenciado pela escassez de café no mundo, como um todo. “Os problemas climáticos na Indonésia e Vietnã, além dos cafés caros ofertados por esses países fez com que quem comprava lá, passou a comprar o café brasileiro. Isso beneficiou nosso mercado. Os nossos diferenciais melhoraram, demanda do negócio Brasil melhorou como um todo, o que deve continuar. Na Colômbia o mercado está muito pior e o Vietnã oferece o café robusta, diferente do nosso, então sobra para o Brasil em relação a NY”, comparou.
Apesar dos benefícios que o mercado poderá usufruir, Marllon faz um alerta: “É importante que todos tenham consciência de que o produtor de café ainda não se beneficiou com essa recente alta, pois já tinham vendido ou comprometido sua produção de 2010”, apontou o gerente da Cooparaiso.
Perspectivas próximas
O gerente de mercado futuro da Cooxupé, Heberson Vilas Boas Sastre faz uma projeção positiva do café em um futuro próximo. “Está havendo a escassez. O mercado que vem buscar certa qualidade já não o encontra. Porém, tudo indica que o mercado permanecerá firme, apesar da safra que vem ser ainda menor. Mas, acredito que quando a América Central voltar a produzir pode mudar esse cenário, ou se a nossa produção mesmo aumentar. Acredito nisso, porque se o café passar a ser rentável como vem se apresentando, os produtores vão querer aumentar a produção e a tendência é de estabilidade”.
Marllon Petrus explica que “o início do movimento de alta, em junho de 2010, foi motivado pela grande entrada de compras especulativas, não só no café, mas em todas as outras commodities. Isto acontece até hoje, pois a política dos EUA ainda tem foco no aumento de liquidez pela grande emissão de moedas e manutenção de juros baixos, o que leva grandes investidores a buscarem rentabilidade em países emergentes e no mercado de commodities, que oferecem melhor remuneração em relação à renda fixa, portanto até aqui nada tem a ver com a situação de oferta e demanda de café, mas sim a uma conjuntura econômica maior”.
O futuro
Marllon diz que o futuro se apresenta mais otimista. “Quanto ao medio-longo prazo, as perspectivas para o café são positivas, devido ao forte equilíbrio entre oferta e demanda e que tende a se acentuar na entressafra de 2011 para 2012. Vejo que este ciclo de altas para o café pode ser duradouro, pois chegamos a uma situação de que é preciso aumentar a produção de forma rápida para dar conta da demanda e reposição de estoques, e claro isso não é possível em uma cultura como o café, que responde de forma muito lenta a novos plantios”, pondera o gerente.
Heberson concorda com o colega e diz que a tendência é de “um mercado mais sossegado. Hoje a indústria está comprando matéria-prima mais cara e isso pode estar beneficiando os produtores, que têm que investir na sua produção, inclusive na qualidade, isso pode ser muito bom no futuro”, diz o gerente da Cooxupé.
Benefícios para o café brasileiro
O gerente da Cooparaiso, Marllon Petrus diz que outro ponto positivo é que o fato está valorizando o café brasileiro. “Isto mostra que o café brasileiro continua mantendo seu posto de principal origem nos blends. Outro fator positivo é que com a redução de produção nos países da America Central e Colômbia, o café brasileiro foi utilizado para suprir este déficit, com isso o café brasileiro amplia mais ainda sua fatia de mercado. A alta para o café brasileiro se deve também ao fato de que o consumo interno esta crescendo como um todo, mas com destaque maior para cafés de qualidade superior, com isso o volume de cafés finos livres para exportação se torna menor, pois encontra concorrência da indústria local”, finalizou.
Em seu twitter o presidente da Cooparaiso, Carlos Melles, explicou que os dados divulgados são “a consequência da inconseqüência do governo federal”. Ainda no twitter, Melles lembrou que por falta de uma política efetiva, o produtor está sacrificado, amargando sérios prejuízos de um dos piores momentos da cafeicultura nacional e alertou para o fato grave de que agora a situação tende a piorar, porque também o consumidor irá sentir no bolso o alto custo do café. Melles, que em 2005 publicou o artigo intitulado “Café – Quem são os Irresponsáveis”, deixou claro que hoje todos têm o conhecimento do nome e sobrenome dessa irresponsabilidade: governo federal