Cooperativas registram queda na qualidade do café

22/08/2012 
  
As cooperativas de café já contabilizam os reflexos das chuvas ocorridas em maio, junho e julho na qualidade dos grãos depositados pelos produtores nesta safra 2012/13.


Os grãos apresentam aspecto não uniforme e a bebida está abaixo do esperado pelos produtores e técnicos. Num estudo realizado pelo setor de classificação da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), em Minas Gerais, a média histórica de café depositado nas últimas sete safras (de 2006 a 2012) até o mês de agosto é de 47,12% de padrão tipo 6 para melhor. Mas nesta temporada somente 38,4% dos grãos conseguiram esta classificação, segundo Daniel Pereira, gerente do departamento de classificação da cooperativa.


O superintendente de relacionamento com o cliente da Cooparaiso, Paulo Sérgio Elias, diz que o número é preocupante. “O alarmante é que com o avanço da safra a tendência de entrada de cafés de qualidades inferiores aumenta consideravelmente”, avalia. Para ele, a tendência agora é que os cafés depositados apresentem aspecto e bebida ainda mais inferiores, pois os produtores estão recolhendo os grãos que caíram no chão devido às chuvas do início da safra.


Elias acredita, ainda, que a safra de café deverá ter quebra de 15% a 20% devido a uma série de fatores, como a estiagem no início do ano, que fez com que as plantas abortassem muitos grãos, inversões térmicas e aumento de doenças como phoma, ferrugem, entre outras.


No início da colheita, em junho, choveram 142,8 milímetros, enquanto a média histórica para o mesmo período nos últimos 18 anos foi de 34,4 milímetros. Devido aos ventos fortes e as altas precipitações, os grãos que já estavam em ponto de colheita foram derrubados. “Estimamos que cerca de 40% da safra tenha caído no chão devido às chuvas e ventos. O produtor não consegue recolher o café com o chão úmido. Ele teve que dar prioridade aos grãos que ainda estavam para ser colhidos”, explica Marcelo de Moura Almeida, engenheiro agrônomo do convênio Cooparaiso/Uniagro.


Apesar do atraso no começo da colheita em cerca de 20 dias, os cafeicultores já estão adiantados no processo de derriça, com aproximadamente 90% da safra colhida. Isto se deve ao alto grau de mecanização empregado nas lavouras durante o ano. “A colheita mecanizada acelerou o processo de derriça. Cerca de 50% foram colhidos por meio de colheitadeiras automotrizes, tracionadas e manuais”, observa Almeida.


A Cooparaiso atua em 37 municípios, sendo que 30 deles estão localizados no sudoeste de Minas Gerais e sete na Mogiana Paulista.


(Carine Ferreira | Valor)
 

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